A noite desta quinta-feira pode ser considerada especial para o tênis na cidade de São Paulo. O excelente público que foi ao Ginásio do Ibirapuera teve a chance de acompanhar um dos grandes tenistas dessa geração, em uma jornada que deixou claro o quanto a cidade merecia sediar um grande torneio e o quanto este ainda pode crescer.
O confronto entre Gilles Simon e David Nalbandian estava previsto para começar não antes das 20:30, mas devido à longa duração das partidas anteriores, aqueles que foram direto do trabalho para o ginásio tiveram a oportunidade de ver também todo o duelo entre Leonardo Mayer e Jeremy Chardy. Mayer venceu, mas a grande atração da noite veio na sequência.
Gilles Simon era o tenista melhor ranqueado, dono de grandes resultados nos últimos 5 anos (impossível não mencionar suas vitórias sobre Rafael Nadal e Roger Federer) e provavelmente o grande trunfo da organização nesse ano de mudança de sede. No entanto, já era possível perceber a preferência do público pelo argentino David Nalbandian. Isso porque o público paulistano que esteve presente no Ibirapuera é fanático por tênis, aprecia o jogo como uma arte e sabe que ver um jogo do nosso vizinho é uma experiência diferenciada. Ele já foi número 3 do mundo, já derrotou qualquer um que alguém possa imaginar e, mais do que isso, sabe como jogar tênis como poucos, e isso era o mais importante para a torcida.
Nas arquibancadas, era marcante a presença de torcedores com
camisas da Argentina (inclusive este que vos escreve). Provavelmente era uma mistura de fãs brasileiros de Nalbandian e argentinos presentes no local, como era possível perceber pelos sotaques se confundindo na multidão.
A partida teve domínio completo do argentino. Quem esteve presente pode ver um pouco do melhor que Nalbandian pode ser: sólido, firme, movendo-se com maestria por todos os cantos da quadra, bem taticamente e distribuindo lindos golpes com toda sua genialidade. Simon, por sua vez, embora com alguns momentos de destaque, não esteve tão regular quanto de costume, de forma que acabou sendo presa relativamente fácil para o adversário.
Cada grande jogada de Nalbandian foi muito apreciada pelos paulistanos. O argentino veio para nosso maior torneio e presenteou o público com um tênis de altíssima qualidade. Tive a oportunidade de ver esse mesmo tenista em ação em frente a sua torcida, no ATP de Buenos Aires, há 3 anos. Posso afirmar que o nível de apoio a esse grande tenista foi muito parecido nos dois locais. Ele também deve ter percebido isso e ainda achou uma oportunidade de fazer a melhor jogada no último game da partida, tendo sido aplaudido de pé, e isso é para poucos.
Na volta para casa, dentro do ônibus, ficou claro porque essa cidade merece tanto ver tenistas como Nalbandian de perto. Pessoas de diferentes partes da cidade comentavam sobre a grande atuação que tiveram a oportunidade de ver, pessoas que claramente entendiam e apreciavam o jogo de tênis, e não se importavam em voltar para casa no meio da madrugada. “Eu vi o jogo dele contra o outro francês na terça e fiquei com medo dele perder. Quando ele ganhou, já decidi que ia na quinta de qualquer jeito”. “Pois é, eu quis garantir hoje porque achei que ele não chegava na final. E eu tinha que ver o Nalbandian jogar”. “Tá chegando meu ponto, pra onde você vai?”. “Cara, eu vou pro Jaguaré! Tenho que pegar mais um ônibus ainda”.
Garanto que ouvi isso na volta para casa. Algum lugar merecia mais esse torneio?
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