Não foi premeditado que eu e meu irmão saimos apaixonados por natação. Morávamos em Santos, o mar ali, e nada mais natural do que minha mãe querer que soubessemos nadar, ao menos para nos virar na praia. Poderia ser só isso se tivessemos continuado nadando em alguma academia: seriamos mais duas pessoas que sabem nadar, praticam o esporte por saúde, ou coisas do tipo, o que por si só já seria ótimo.
Mas surgiu o elemento Saldanha nessa equação, e o que segue é praticamente a história sobre a paixão de nossas vidas, seja nadando, seja acompanhando de fora da água. Meu irmão, mais corajoso que eu, pensou de forma lógica e decidiu que se natação é o que ele mais gosta, logo deveria trabalhar com isso. Lindo de tão simples, e imensamente significativo se comparado a tantos critérios que eu, e tantos outros, usamos na hora de decidir o que fazer para o resto da vida. Hoje ele ajuda atletas de 13 e 14 anos a atingir seus sonhos e assim enche sua vida de brilho, e por tabela, enche a minha vida de mais vida.

Muitas vezes me perguntei se fazia sentido gostar tanto de acompanhar natação assim. Ouvi de um amigo uma vez, enquanto eu entrava no blog do Coach: “nossa, que estranho. Gostar de nadar eu já vi, mas acompanhar natação? Quase nunca tem competição.. “. E eu pensava se realmente não era coisa de nerd (é), ou de nadadora frustrada (acho que só um pouco), achar tão legal acompanhar de perto os meus nadadores favoritos, ficar nervosa vendo brasileiros desconhecidos de todos buscarem um índice olímpico, mesmo sabendo que se conseguissem chegariam nos Jogos para não passar das eliminatórias. E ficar puta da vida quando alguém se atrevia a dar risada do Thiago Pereira ou da natação feminina, quem é você para achar ruim ser o quarto melhor do mundo no que se propõe a fazer.
Mas me questionava se não era estranho mesmo, se o normal não seria torcer muito por um time de futebol, mesmo sabendo que uma coisa não exclui a outra, algo que muitas pessoas acompanham, que dá para você reunir os amigos e torcer junto. Um dia me deparei com esse trecho, indicado pelo meu irmão. Quem disse essas frases foi Mike Gustafsn, outro apaixonado por natação mesmo que, assim como eu, não trabalhe profissionalmente com isso. O que ele diz é exatamente o que penso sobre natação, e lendo essas palavras, fiquei tranquila em saber que faz todo sentido gostar disso, mesmo que não faça sentido para mais ninguém.
“However, the real question becomes not “could” swimming become mainstream, but “should” it? I think that’s more the fundamental debate. Does swimming need the problems of mainstream sports? Does swimming need the cameras and the lights and the professionalism of the NFL and NBA? Why does it have to be mainstream? Swimming is like that really great indie rock band that only you and 50 other people know about. You love them partially because they’re small, they’re yours, and in this world of globalization and commercialization, sometimes the best rocking out is to the small-time garage band in your life. People swim because they love it. Not because of the money. Not because of the fame. Maybe we should keep it that way.”
1 Comentário
Igor Trisuzzi
Nesse ponto, somos iguais.
É exatamente isso, Bia. Parabéns e obrigado por colocar em palavras o que eu já sabia desde o princípio!
05 set 2011 01:09 am
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