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    07/10/2011 por Beatriz Nantes em Memória, Vôlei / Sem comentários

    Em 2007, tive o prazer de estar no Rio de Janeiro especialmente para ver o PAN com o meu irmão. Além de todos os dias da natação, estivemos no Marcanãzinho vendo a final do Vôlei feminino onde as brasileiras encontraram suas velhas rivais cubanas.

    O histórico era complicado: nas Olimpíadas de 1996 e 2000, o Brasil fora eliminado por Cuba, sem conseguir parar a jogadora Mireya Luis, grande estrela do time e que nas duas ocasiões arranjou briga com as brasileiras, passado que até hoje faz um Brasil X Cuba ser um jogo quente. Neste período, vale lembrar da vitória emocionante das brasileiras no PAN de Winnipeg, em 1999, onde no quinto set Elisângela fechou o jogo com uma largadinha. A geração de Leila, Virna e Fofão fez muito pelo vôlei (a semi de 1996 foi a primeira da história, e as meninas conquistaram o bronze vencendo a Rússia no último jogo), chegou a vencer Cuba, mas ficou faltando a final olímpica.

    Em 2004, agora sob o comando de Zé Roberto (Bernardinho trocou o posto de técnico da seleção feminina pela masculina após Sidney) verdadeira algoz do time brasileiro foi a equipe da Rússia, mas Cuba terminou o que pode ser descrita como uma das derrotas mais memoráveis da seleção de vôlei feminino. Na semifinal, ganhando por 2×1, o Brasil ganhava o quarto set por 24×19. Foram quatro match points desperdiçados, e a equipe perdeu a cabeça a partir de lá. Foi para o quinto set e perdeu a chance de chegar à primeira final olímpica. Foi triste ver o choro das jogadoras e do técnico após perder o que estava na mão, e ver a disputa pelo terceiro lugar jogada de forma abatida, com as jogadores perdendo o bronze para Cuba.

    De lá até o ouro nas Olimpíadas de 2008, o Braisl perdeu o Campeonato Mundial para a mesma Rússia na final, após vencer o primeiro set, e em 2007, jogando em casa, chegou à final que seria disputada contra Cuba. O ginásio estava lotado e o jogo foi tenso do início ao fim. Cuba já não era a melhor seleção e se fosse para apontar um favorito com base nos primeiros jogos do torneio, Brasil certamente seria apontada pela maioria. Mas Cuba cresce quando joga contra o Brasil. As jogadoras sabem da rivalidade histórica e é impressionante como as cubanas são sérias e dava para ver como o intmidavam as brasileiras, mesmo que estas tenham jogado com atitude de campeãs.

    O jogo foi lindo. O quarto set que levou ao tie break terminou em 34×32 e o Brasil desperdiçou quatro match points. No quinto set, foram mais dois não aproveitados e com 17×15 as cubanas mostraram que podem estar mais distantes da elite mundial, mas jamais haverá jogo fácil para o Brasil quando jogar contra elas. Arrisco dizer que o trauma é muito maior do que contra a Rússia, que ganhou dois jogos importantíssimos das brasileiras, um em circunstâncias que até hoje nem elas sabem explicar.

    Fiquei triste indo embora desse jogo. Poucos brasileiros permaneceram para ver sua seleção receber a medalha de prata. Sei que é extremamente frustrante para um torcedor ver uma derrota como essa, que é inevitável pensar em como foram amarelonas e ficar com raiva de mais uma derrota inexplicável. Mas tento ter em mente que ninguém sofre mais com isso do que elas mesmas. Na volta para casa, o torcedor logo esquece do jogo que viu e do grito sou brasileiro com muito orgulho com muito amor, e se volta a seus afazeres cotidianos, no outro dia talvez comenta com os amigos que a derrota foi absurda, entre tantos outros comentários triviais, e a vida segue. Para elas, não. Não é fácil deitar a cabeça no travesseiro depois de uma derrota como essa, e para as jogadoras essa é sua vida, que também segue, mas derrotas como essas não cicatrizam. É claro que o sentimento é maior delas porque quem joga são elas então a culpa é, em última instância, daquelas que não conseguiram fazer, não há porque ser hipócrita. Mas também sei como é difícil não fazer. Ninguém perde porque quer, ninguém amarela porque quer. É necessário muito treino para superar isso.

    Em 2008, o vôlei feminino do Brasil chegou ao topo do mundo. Mari, uma das apontadas como maior responsável pelas últimas derrotas – papel reforçado pelo seu perfil contido em campo e fora dele – lavou a alma e conduziu o Brasil na vitória por 3×1 contra os EUA em um torneio impecável. Foi lindo ver e essa foto para mim diz muito sobre o tudo, com a consagração de Zé Roberto, a euforia de Fabi, e a alegria e alívio de Mari.

    Mas ainda faltava devolver a derrota para Cuba no PAN, e como esperado, as duas equipes se enfrentaram na final. O Brasil começou arrasador e levou fácil o primeiro set, mas perdeu o segundo. Em um terceiro set tenso, o Brasi levou também, fechando no erro de saque de Palácios, mas Cuba se recuperou no quarto set e o placar marcava 24×15. O Brasil ainda se recuperou e marcou 6 pontos seguidos, mas as cubanas conseguiram fechar e levaram a decisão para o tie break. A impressão para quem assistia era que mais uma vez as cubanas estavam crescendo muito para cima do Brasil, e a dúvida pairava : será que de novo elas vão deixar escapar, mesmo com a superioridade da seleção brasileira? O que se viu no último set foi um Brasil quase sem erros, e jogando o que sabe não há chance para as cubanas. A seleção fechou em 15×10, devolvendo a derrota de quatro anos atrás.

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