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  • Judô, UFC e menina de ouro

    28/08/2011 por Beatriz Nantes em Sem categoria / Sem comentários

    Confesso que sempre nutri um certo “desprezo” pelos esportes de luta mais pegada, desde o boxe até, em maior grau, as lutas de vale tudo. Minha impressão imediata ao ver o UFC virar programa de sábado a noite foi de certa decepção, e um questionamento de porque esse esporte, aparentemente violento, consegue mais ibope do que um mundial de futebol feminino, ou os próprios mundiais de atletismo e de judô que ocorrem nos últimos dias.

    Alguns fatos recentes me fizeram mudar um pouco de opinião e diminuir esse preconceito.Primeiro, o boxe. De fato, é um esporte que envolve perigos evidentes pelo contato físico intenso e o próprio objetivo último da luta, nocautear o adversário. Precisei de um filme para passar a entender que a esportividade está presente (assim como está no automobilismo, dado que são humanos que pilotam as máquinas) e perceber que ligar este esporte à violência é uma associação rasa e superficial. Falo do brilhante Menina de Ouro, de Clint Eastwood, com uma atuação impecável de Hillary Swank no papel de uma mulher que tem apenas o boxe e seu treinador em sua vida. É do personagem interpretado por Morgan Freeman que saiu uma de minhas citações preferidas: “If there’s magic in boxing, it’s the magic of fighting battles beyond endurance, beyond cracked ribs, ruptured kidneys and detached retinas. It’s the magic of risking everything for a dream that nobody sees but you”. Substitua “boxing” por esporte e temos ai uma definição universal.

    Quanto ao MMA, por que relutar em chamá-lo de esporte? Por que não é olímpico? O futsal também não é, as maratonas aquáticas entraram no programa apenas em Pequim. Depois da derrota de Vitor Belfort na fatídica luta contra Anderson Silva, li uma reportagem sobre sua rotina nos EUA, onde vive com a mulher e os filhos. Sim, é caricato que ele seja casado com a antiga Feiticeira, é um pouco tosco ver homens lutando com bermudas apertadas e não me identifico com uma comemoração que cita o Capitão Nascimento. Mas vendo as reportagens sobre o dia-a-dia desses atletas (e entendo que é no dia-a-dia que realmente se define e caracteriza o esporte competitivo), o que há de tão diferente nestes atletas comparado a outros esportes em que há mudança de vida para conseguir melhores condições de treinamento, em que há uma dieta regrada, treinos e cansaço diário, e a preparação para uma única disputa que se resume em poucos minutos? Sim, no UFC há todo o marketing que cerca as disputas, mas o que dizer do futebol? Para o bem ou para o mal, são todos aspectos que rodeiam a luta ou o jogo em si, estes sim o verdadeiro espetáculo.

    Há algo de brutal em gostar de assistir duas pessoas se batendo. Mas enxergando além do que se vê, há também aquela mesma beleza de “fighting battles beyond endurance”.

    *

    Terminou ontem o Mundial de Judô, realizado em Paris. Minha admiração por este esporte que conheço pouco é imensa. Primeiro pela filosofia envolvida e pelo respeito dos atletas ante seus competidores antes da luta. É um esporte que envolve força física e técnica em uma combinação  que evidencia a necessidade de grande grau de concentração. A relação entre atletas e seus técnicos também é algo que me impressiona. Vale a pena, para qualquer leigo, ver um campeonato desse tipo somente pelas reações após o fim da luta, onde há uma comemoração no momento da vitória, o cumprimento final com o adversário, e o judoca correndo em direção a sua equipe e abraçando os técnicos. Outra coisa bonita é a carga de emoção. Não me esqueço da entrevista de Carlos Honorato após as Olimpíadas de Atenas (2004), quando chegou favorito ao ouro (havia sido prata em Sidney e bronze no Mundial-2003) e caiu nas quartas. Chorando, pedia desculpas por não ter alcançado o pódio. Os orientais, conhecidos por serem contidos, também proporcionam imagens de muita emoção, como a da favorita Akari Ogata chorando após perder para a francesa Audrey Tcheumeo na sexta.

    O Brasil teve uma atuação boa ainda que não impressionante e sem nenhum ouro. Foram duas pratas (Rafaela Silva, até 57 km, e Leandro Cunha, até 66 kg) e três bronzes (Sarah Menezes, até 48kg, Leandro Guilheiro, até 81 kg, e Mayra Aguiar, até 78 kg). Na disputa por equipes, os homens deram trabalho aos anfitriões franceses e perderam o primeiro lugar apenas na última luta, com a França vencendo por 3×2.

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