Neste domingo, John Isner perdeu a final do Masters 1000 de Indian Wells para o novamente endiabrado Roger Federer. Mas a derrota ficou em segundo plano. Na melhor semana da carreira, o gigante norte-americano de 2,05m chegou pela primeira vez a uma final desse porte e despachou na semifinal ninguém menos que Novak Djokovic. Com a sensacional campanha na Califórnia, Isner entra pela primeira vez no grupo dos 10 melhores tenistas do mundo, aos 26 anos de idade.

Isner e Mahut após o jogo mais longo da história do tênis
John Robert Isner era o número 416 do ranking mundial quando apareceu para o mundo do tênis em Washington, no ano de 2007. Jogando apenas seu segundo torneio de nível ATP, ele só parou na final diante do compatriota Andy Roddick. Na temporada seguinte entrou no top 100 pela primeira vez e em 2009 ficou entre os 50 melhores, faixa da qual jamais saiu. O primeiro título, em Auckland, e outras três finais em 2010 ajudaram o grandalhão a dar um belo salto no ranking, mas foi a partida memorável contra Nicolas Mahut em Wimbledon que colocou o nome de Isner na história do esporte.
Ainda pela primeira rodada do Grand Slam britânico, Isner e o francês Mahut ficaram em quadra por impressionantes 11 horas e 5 minutos, divididas em três dias de disputa. O quinto e decisivo set, que em Wimbledon não possui tiebreak, terminou 70 a 68 para o norte-americano, que disparou 113 devastadores aces. Recordes absolutos.
A grande fase do gigante, amante das quadras rápidas, começou com a taça em Newport, em julho do ano passado, o vice em Atlanta e outro caneco em Winston-Salem . As quartas de final no US Open o credenciaram novamente ao top 20 e a semifinal no Masters 1000 de Paris fizeram com que ele terminasse o ano na 18ª colocação. Jim Courier, dono de 4 Grand Slams e capitão americano na Copa Davis, afirmou com todas as letras que Isner seria top 10 em 2012. Dito e feito.

John Isner, o mais novo integrante do Top 10
Começou a temporada e o americano alcançou às oitavas em Sydney, terceira rodada no Australian Open, quartas em Memphis e semifinal em Delray Beach. O triunfo mais notável veio na Copa Davis. Isner bateu o mesmo Federer na Suíça e no saibro coberto em quatro sets. No tênis, a confiança tem parcela significativa no desempanho do atleta. E junto com a confiança, o gigante melhorou o posicionamento dentro de quadra, perdeu o medo de executar seu backhand e aproveitou melhor as oportunidades de matar os pontos perto da rede.
Isner talvez seja o menos talentoso do top 10 atual, mas os ventos estão soprando para o seu lado. Com Mardy Fish, oitavo do mundo, em má fase há algum tempo, não seria loucura apostar nele como número um dos Estado Unidos em breve. Se mantiver a regularidade, a confiança em alta e seguir evoluindo seus golpes, não há dúvida de que chegará lá.
Outros pontos - Federer chegou ao 73º título da carreira e se igualou a Rafael Nadal como o maior vencedor de Masters 1000, com 19. Nos últimos 5 meses levantou 6 taças em 8 torneios disputados. Nessa semana, em Miami, já existe a chance matemática de ultrapassar Nadal e assumir a vice-liderança do ranking mundial. O número 1 ainda está distante.
Entre os brasileiros, destaque para a boa semana de Thomaz Bellucci em Indian Wells e o set roubado de Federer nas oitavas. A força mental que apresentou na Califórnia é o que esperamos nos jogos contra adversários de menos gabarito, pois jogo Bellucci tem. Ótima semana também para Thiago Alves, que faturou seu segundo challenger no ano, dessa vez em Guadalajara. O paulista de 29 anos, que sofreu com lesões no último ano, chegou a sair do top 400 e cogitar a aposentadoria, está perto do grupo dos 150 melhores do mundo e tem tudo para beliscar mais uma vez o top 100.
Guilherme Daolio é Jornalista e Radialista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Apaixonado por tênis por influência de seu pai, acompanha o esporte desde pequeno. No momento em que Djokovic, Federer e Nadal polarizam as quadras, Guilherme arrisca suas raquetadas por aqui. Novidades, projeções, análises, informações, apostas e tudo que envolva a bolinha amarela vira assunto.
O nosso colunista já passou pela Rede Record e pelo Portal IG. Hoje é editor de texto da ESPN Brasil e louco por tênis.
2 Comentários
Camila
Bom texto e boa análise. Acredito que o Isner tenha chegado ao momento em que jogadores tecnicamente mais “limitados” chegam quando utilizam ao máximo todas suas qualidades e conseguem resultados expressivos e inesperados. Infelizmente o que o impede de ir mais longe é ainda a grande dependência em seu saque, não tão fundamental para alcançar vitórias em quadras mais lentas e contra adversários mais sólidos e fortes em seu jogo de fundo de quadra.
19 mar 2012 12:03 pm (@Twitter)
NomeGuilherme Daolio
Exatamente, Camila. Vimos muitos jogadores chegaream ao top 10 e alguns até ao top 5 da forma que você citou. Muitos fatores, além do bom momento de Isner, contribuíram para que ele chegasse lá. Soderling e Monfils doentes, Roddick em má fase, Melzer em queda livre e tantos outros inconstantes na faixa dos 20 primeiros.
Obrigaod pelo comentário.
19 Mar 2012 06:03 pm (@Twitterpauta_esporte)
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