Por Emanoel Araújo
Aos oito anos de idade nada mais empolga uma criança do que o período de férias. Sinônimo de videogame, casa dos primos no
meio da semana, dormir até tarde e jogar bola. Esse enredo fazia parte daquilo que parecia uma “rotina” (ainda empregava esse termo da forma errada).
E naquele cinza-frio de julho mais um período de descanso estava pra começar. Mas este era diferente. A televisão – ainda sem assinatura, sem canais de esporte – era a janela que eu precisava para ver o mundo. Naquele julho, tudo o que eu queria ver era esporte. As preparações dos nosso atletas para mais uma Olímpiada e todo aquele acompanhamento intensivo próximo do maior evento esportivo do mundo.
Em meados de julho de 96, as Olimpíadas de Atlanta começaram. Com ela, a TV Bandeirantes começava a transmitir um programa chamado Esporte Total, que oferecia um resumo dos Jogos. Boa opção para quem ainda tentava entender o que era Olímpiada e o que o Brasil tinha com isso.
Já acostumado em assistir Esporte Total em sua edição noturna, Silvia Vinhas entra ao vivo e é interrompida por Álvaro José, que narra, ao vivo, a disputa da segunda semifinal do vôlei de praia. Em um tempo que não havia tantos sites de busca, jogar vôlei na areia era uma novidade incrível. Adriana e Mônica duelavam com uma dupla australiana. Com 15 a 3 no placar o, para mim desconhecido, para o locutor favoritíssimo, o vôlei brasileiro entrou em quadra como saiu. Mostrando uma hegemonia que eu nunca tinha visto fora do futebol, as adversárias da dupla já estavam definidas. Era Jacqueline e Sandra, não por coincidência, também brasileiras.
Com a vitória de Adriana e Mônica, tive meu primeiro momento de patriostismo e que reflete o espírito olímpico. Nunca tinha visto um brasileiro em final, muito menos dos dois lados. Na final, a superação, a garra de adversárias e compatriotas que estavam exaustas, mas garantiram um ótimo espetáculo, como tinha feito durante esses dois primeiros dias que acompanhei o vôlei de areia. Desde então, não deixo mais de ver o esporte, tampouco de assistir os demais.
Emanoel Araújo é produtor da BandSports
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