
Talvez poucos lembrem da vitória da norte-americana Joan Benoit na Maratona feminina em 1984. O fato marcante foi o drama da suíça Gabrielle Andersen-Schiess, de 39 anos. Trôpega, desorientada, com séria debilidade causada por desidratação e exaustão muscular, Gabrielle entrou na pista se arrastando, 20 minutos após a chegada de Joan
Mais do que o extremo conformismo de Vanderlei com o episódio – apenas lamentou o ocorrido em vez de criar caso – mais do que a extrema humildade – recusou em rede nacional a medalha de ouro oferecida pelo jogador de vôlei de praia Emanuel – e mais do que o extremo pieguismo nacional na exaltada “medalha de bronze que vale uma de ouro”, chamou atenção o que realmente justificou sua medalha Pierre de Coubertin
Na final, a TV estava focada, claro, na briga pelo ouro entre Austrália e EUA. A distância era tanta que, quando fechava o quadro, só se via os nadadores dos dois países, o resto nem aparecia na TV. Nos últimos 50m, o Brasil estava em quinto e Edvaldo “Bala” Valério na água. A TV focada na briga pelo ouro e eu, querendo ver uma medalha do Brasil, não tinha como saber como estava a equipe brasileira
Talvez pela minha idade, talvez pela televisão colorida, talvez pela beleza do espetáculo, tudo era empolgante nos Jogos Olímpicos. Eu tinha 14 anos estava fascinado com as oito medalhas de ouro de Mark Spitz na natação, com a ginasta soviética Olga Korbut, com o esguio atleta finlandês Lasse Viren, a inédita derrota do time de basquetebol dos Estados Unidos para a então União Soviética
Vicente Lenílson foi o primeiro brasileiro. A primeira parcial não determinou muita coisa para mim. Edson Luciano pega o bastão na quinta posição, a curva começou a fechar. O ritmo de Edson foi bom, forte. Mas a consagração começou a se confirmar a partir de André Domingos. De quinto, o velocista foi para terceiro e deixou Claudinei Quirino muito próximo da medalha de prata. Bastava ser melhor que o cubano que estava na frente. Parecia simples, mas não era
Na fase anterior à decisão, o adversário foi a Itália. Seria, pelo menos para os mais jovens na época, uma espécie de revanche, já que os italianos tinham deixado os brasileiros para trás dois anos antes na Espanha, graças a Paolo Rossi. Placar da semifinal, Brasil 2 x 1 Itália. Quem abriu o placar foi Gilmar Popoca
Já acostumado em assistir Esporte Total em sua edição noturna, Silvia Vinhas entra ao vivo e é interrompida por Álvaro José, que narra, ao vivo, a disputa da segunda semifinal do vôlei de praia. Em um tempo que não havia tantos sites de busca, jogar vôlei na areia era uma novidade incrível. Com a vitória de Adriana e Mônica, tive meu primeiro momento de patriostismo e que reflete o espírito olímpico. Nunca tinha visto um brasileiro em final, muito menos dos dois lados
Quando o diretor de jornalismo abriu a lista, fiquei em choque… pra não dizer em pânico. Foi quando soube que faria parte do quarteto que iria acompanhar a seleção brasileira de futebol. Justo futebol? O que pra mim sempre foi um ‘sub-esporte olímpico ?’ Vou pra Miami e não Atlanta? Dane-se ! Era Olimpíada ! Não importa o endereço
Aquela prata fez os 10% de mim que ainda torcia não virarem 0%, e de certa maneira influenciou muito a paixão por esporte que tenho até hoje. Por mais cético que eu possa ser hoje, não tem como ser louco por esporte sem ter esses 10% de torcida infantil e cega dentro da gente. E sempre que o Brasil está nas Olimpíadas, tem 10% de mim esperando pelo improvável acontecer
Fiquei perplexo. Sem reação. Por segundos, que valeram como minutos intermináveis, não pude falar nada. Esperava ingenuamente que o narrador da transmissão tivesse alguma resposta. Murer não piscava. Colocava as mãos na cintura, inconsolável. Com os olhos arregalados, perguntava para organizadores e concorrentes o que estava acontecendo. Sem esbravejar. Apenas, sem compreender o que estava acontecendo