Por Maurício Rossi de Araújo
O tão sonhado ouro olímpico para o futebol brasileiro, como diz o outro, está de rosca. Jamais o Brasil conseguiu conquistar o primeiro lugar no futebol em Olimpíadas. Tá certo, chegou bem perto. Mas para quem diz que “aqui” brotam talentos, essa conquista já deveria ter acontecido.
O Brasil disputou os Jogos em 11 ocasiões com o futebol. Teve ano que não chegou nem a se classificar para a disputa. Em algumas que participou, como a de 1996 em Atlanta, foi derrotado pela Nigéria na semifinal; em 2000, por Camarões, nas quartas.
Até hoje, levou duas medalhas de prata e duas de bronze. Pouco para o maior vencedor de Copas do Mundo na modalidade.
Em 1984, ano em que conquistou a primeira medalha de prata, foi quando o Comitê Olímpico Internacional (COI), para motivar o público do futebol, resolveu liberar jogadores profissionais para o evento. Lembro como se fosse hoje da camisa que a Seleção Brasileira vestia naquele torneio. Bem diferente daquelas que estamos acostumados a ver. Nada de amarelinha. Era um uniforme azul, particularmente bonito, mas não parecia Brasil.
Gilmar Rinaldi, goleiro do Internacional na época, encabeçava um time com jogadores, na maioria, formado pelo time de Porto Alegre. O Colorado era a base. Tinha Dunga no meio-campo. Mauro Galvão na zaga. Luís Carlos Winck na lateral-direita. Todos esses citados, menos o goleiro Gilmar, fizeram parte, um pouco mais tarde, do time do Vasco.

Mas um outro Gilmar, do rival vascaíno, o Flamengo, era o camisa 10 que encantava com toques diferentes, cobranças de faltas perfeitas. Para ficar mais fácil, os mais velhos, como eu, lembram dele: Gilmar Popoca. Bom jogador, um cara que seria o substituto de Zico, mas que batia na bola com a canhota. Um jogador que mais tarde vestiria a camisa de outros times como Ponte Preta, Botafogo, São Paulo.
Augilmar. Esse é o nome dele, um cidadão manauara, que hoje está com 48 anos. Popoca foi o tipo de jogador que, para muitos, era craque. Mas sempre faltava aquele tostãozinho para ele. Belo jogador, com classe. Se pegarmos um jogador com passagem mais recente pelo futebol para uma comparação com Popoca, Ricardinho, ex-Corinthians, São Paulo, Santos e campeão do mundo com a Seleção Brasileira, seria esse cara.
Numa Olimpíada, por mais que os outros esportes mexam comigo, nada se compara ao futebol. Sempre vai chamar mais a atenção. Isso, sem ser machista, o futebol masculino. Embora, o feminino, com as condições precárias que o Brasil o trata, tem empolgado na competição. Nas duas últimas disputas, embalado por Marta, ficou com o segundo lugar, perdendo para os Estados Unidos.
Mas quando a eliminação é no masculino, ela insiste por muito mais tempo em incomodar. O time de Gilmar Popoca, por exemplo, me deixou bem triste naquele longínquo ano de 1984, quando eu ainda estava com 14 anos de idade.
Eram outros tempos, verdade. Talvez tenha sido uma das últimas vezes que um time da Seleção Brasileira tenha me deixado chateado com uma derrota. Dois anos antes, pela Copa do Mundo, um time, ou melhor, um timaço havia cortado meu coração de apenas 12 anos de vida.

Bem, mas como aqui o assunto é Olimpíada, naquela de Los Angeles, especialmente, o futebol provocou uma emoção diferente. Nas quartas-de-final, o time dirigido por Jair Picerni enfrentou o Canadá, que vencia o jogo até os 27 minutos do segundo tempo, quando Gilmar Popoca empatou e levou a decisão para os pênaltis. O Brasil venceu por 5 a 3 e seguiu para a semifinal.
Na fase anterior à decisão, o adversário foi a Itália. Seria, pelo menos para os mais jovens na época, uma espécie de revanche, já que os italianos tinham deixado os brasileiros para trás dois anos antes na Espanha, graças a Paolo Rossi.
Placar da semifinal, Brasil 2 x 1 Itália. Quem abriu o placar foi Gilmar Popoca, que nada pôde fazer para evitar, na final, uma derrota para a sempre carrasca França, que venceu por 2 a 0. Sabe-se lá o que vem por aí em Londres. Mas, vale uma brincadeirinha: tomara que Ganso não “popoque” e consiga, ao lado do “gênio” Neymar, a tão sonhada medalha.
Maurício Rossi de Araújo nasceu em 21 de dezembro de 1969 e formou-se em Jornalismo pela Universidade São Judas (SP), em 1999. Chegou a fazer rádio comunitária, mas considera como verdadeiro início de carreira o trabalho realizado no programa Mundo da Bola, comandado por Flávio Prado, na rádio Jovem Pan AM, durante 1999. Do ano 2000 a 2010, atuou no programa Esportes Show do Portal Terra, como produtor, repórter e editor, ao lado do jornalista Wanderley Nogueira. Paralelamente, trabalhou, como pauteiro, repórter e editor de textos na TV Record (SP), entre janeiro de 2004 e setembro de 2006, e cobriu férias na equipe de reportagem da TV Gazeta, em julho de 2005. Desde janeiro de 2007, é funcionário da ESPN Brasil (SP), onde entrou como editor de textos, faz reportagens e, desde abril de 2007, atua como plantão esportivo da rádio Estadão ESPN.
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