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  • Abebe Bikila, o maratonista descalço

    03/10/2012 por Beatriz Nantes em Atletismo, Memória, Notícias / Sem comentários

    Abebe Bikila pode ser lembrado na história do esporte mundial por muitos motivos. Foi o primeiro bicampeão olímpico da maratona, vencendo a prova em 1960 e 1964. Foi também o primeiro africano a ganhar essa prova, hoje dominada, assim como a maioria das provas de longa distância, por seus conterrâneos e representantes de outros países do continente. Nas duas vitórias olímpicas, estabeleceu novo recorde mundial. Mais do que os resultados, no entanto, foram as circunstâncias de sua trajetória pessoal e esportiva que contribuíram para que seu nome ficasse marcado na história olímpica.

    Filho de agricultores do sul da Etiópia, ele se juntou à Guarda Imperial para ajudar a família. Foi ali que conheceu o técnico da Guarda, o sueco Onni Niskanen, que depois de ver Bikila correndo diariamente cerca de 20km para ir de Sululta a Addis insistiu para que ele corresse a maratona.Para se classificar para as Olimpíadas de Roma, Bikila venceu o ídolo etíope Wami Biratu, até então o melhor do país na prova.

    A principal versão que explica porque Bikila optou por correr descalço é de que o tênis oferecido pela Adidas, patrocinadora do produto para os Jogos, não ficou confortável e o etíope preferiu correr descalço, o mesmo jeito que treinava. Seu principal adversário na prova foi o marroquinho Rhadi Ben Abdesselam, com quem dividiu a dianteira a prova inteira, até os últimos 500 metros, quando Bikila deu um sprint para vencer com 25 segundos de diferença. Seu tempo de 2’15”16 foi novo recorde mundial e cerca de 10 minutos mais veloz do que a marca que havia vencido em 1956.

     

    Bikila entrando no Estádio Olímpico de Tóquio

    Quatro anos depois, um problema de saúde quase tirou de Bikila a chance de defender o título em Tóquio. A um mês dos Jogos, ele precisou tirar o apêndice e viajou ao Japão sem saber se poderia disputar a prova. Com estratégia similar a de Roma, se manteve junto aos primeiros colocados nos 20km iniciais, e no 30km já estava 30 segundos a frente do segundo colocado. Bikila entrou no Estádio Olímpico lotado sozinho e venceu com 2’12”11, dessa vez usando tênis – como referência, o recorde mundial hoje é de 2’03”38, e o tempo de Bikila está abaixo do índice para participar das Olimpíadas de 2012.

    Bikila chegou a tentar correr no México, em 1968, mas parou no 15º km. Um ano depois, sofreu um acidente de carro, e no mesmo ano participou do que seria o precursor das Paraolimpíadas, os Jogos Stoke Mandeville. Morreu em 1973, com 41 anos, de hemorragia cerebral.

    Para saber mais – Livros:

    - Barefoot Runner: The Life of Marathon Champion Abebe Bikila (Paul Rambali) – O livro ficcionaliza mais a estória de Bikila, criando monólogos e conversas.

    - Bikila: Ethiopia’s Barefoot Olympianis (Tim Judah) – Com abordagem mais histórica, o jornalista, que trabalhou anos como correspondente na África, contextualiza a importância da vitória de Bikila e acaba sendo um retrato importante não só de detalhes mais factuais do corredor, como da história africana.

     

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