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    19/11/2012 por Rui Barboza Neto em Atletismo, Notícias, Opinião / Sem comentários

    Neste período de baixa nas competições, alguns atletas descansam e outros já iniciam a pré-temporada para 2013. Saindo um pouco das competições de alto rendimento, gostaria de compartilhar um momento que participei e, por mais simples que ele seja, considero muito importante para repensarmos o valor do Esporte em nosso país. Falarei sobre a abertura de uma competição escolar que levantou uma velha questão sobre a qual ainda não tinha escrito por aqui.

    Este torneio, que envolveu diversas modalidades, incluiu também o Atletismo. Essa raridade – ter Atletismo em competições Interescolares – já nos mostra o quanto engatinhamos no quesito de formação de atleta. Mas não é este o ponto que quero abordar. Ressaltei a existência de diversas modalidades pois como todo evento grande, este teve uma Cerimônia de Abertura. Além das declarações, apresentações, acendimento da pira, juramento e desfile das escolas participantes, também houve a presença de uma personalidade esportiva. O atleta em questão era o recordista sul-americano do salto com vara, Fábio Gomes da Silva.

    Fábio foi homenageado pelo Colégio anfitrião dos Jogos com uma placa comemorativa entregue a ele durante a cerimônia. Quando ele adentrou ao ginásio muitas crianças abriram um sorriso por poderem estar perto de um atleta deste porte. Após a cerimônia a procura por pais e alunos para tirar uma foto com ele foi grande. Natural, certo? Afinal estavam diante da pessoa que saltou mais alto na história sul-americana do salto com vara, além de campeão pan-americano e finalista do mundial de Daegu em 2011. Porém esse reconhecimento só foi possível pois antes de sua entrada o orador do evento anunciou suas conquistas.

    Se Fábio ficasse sentado na arquibancada o tempo todo da cerimônia talvez não tivesse sequer sido reconhecido. Esta situação é muito comum não só com atletas do atletismo mas com diversas outras modalidades que não têm um grande apelo midiático. Quando as pessoas sabem das conquistas destes atletas a admiração e o reconhecimento aparecem. Quanto mais informação sobre as dificuldades que estes atletas passam para alcançar tais conquistas, menos comentários bizarros são feitos. A questão é, até quando teremos uma cultura esportiva assim? Até quando excelentes atletas passarão desapercebidos pelo simples fato de não terem a merecida divulgação de sua imagem?

    Vale lembrar que sediaremos o maior evento esportivo do planeta daqui a 4 anos. Assim como exigimos fiscalização das obras de arenas esportivas, obras de infraestrutura, aeroportos que dêem conta da demanda, hotéis que consigam absorver os visitantes, pessoas preparadas para atender o turista e todas estas reivindicações que aparecem nos veículos de comunicação, também temos que melhorar e muito nossa cultura esportiva. E a melhor forma de massificar essa cultura é utilizar os meios de comunicação. Os jornais e jornalistas que se dedicam à cobertura de eventos esportivos devem ser fiscalizados também. Deve-se exigir um melhor trabalho, melhores pautas, melhores coberturas, melhores comentários.

    A divulgação dos principais atletas de cada modalidade por parte dos meios de comunicação fará com que estes possam utilizar melhor sua imagem. O espaço para divulgação dos detalhes das suas atividades trará mais conhecimento aos espectadores esportivos. Tal conhecimento promoverá o amadurecimento da nossa cultura esportiva. O problema é que tempo e espaço para notícias de Esporte são restritos. Assim como são Entretenimento, Economia, Política e outros. Por isso, uma melhor utilização deste tempo/espaço precisa ser pensada e implementada.

    Segue um exemplo a partir do qual vários outros podem ser pensados. Não há problema em divulgar o estado civil do Neymar, mas tal notícia tem que estar na sessão de curiosidades ou fofoca, não na de Esporte. A cada notícia que não tem a ver com Esporte mas que é dada no espaço destinado a Esporte só porque se refere um atleta famoso, deixa-se de noticiar um fato importante ou algum dado relevante sobre o mundo esportivo. Um jogador que é pego no bafômetro não deveria aparecer sequerum minuto em um programa esportivo. Que passe no programa policial, mas esportivo não dá.

    Infelizmente nossa realidade está longe disso e atletas que não tem muito espaço em mídia continuam sendo preteridos perdendo espaço para fatos irrelevantes do ponto de vista esportivo. Assim como precisamos evoluir em muitos aspectos - infraestrutura para competições e treinamentos, detecção de talentos, aprimoramento dos profissionais do esporte - nossos meios de comunicação também precisam. Quem sabe assim atletas como Fábio Gomes dispensariam apresentações e simplesmente entrariam em cerimônias sendo reconhecidos instantaneamente.

    Em tempo, gostaria de compartilhar o clipe que já está fazendo sucesso, assim como a música já fez. Do meu amigo e atleta Davidson Henrique, ele que compete por Barueri nas provas de Lançamento e Arremesso, faz parte do grupo Distorção Sonora e ajudou na composição do Hino do Atletismo.

     

    Rui Barboza Neto é bacharel em Esporte pela Escola de Ed. Física e Esporte da USP, treinador de atletismo e preparador físico da Associação a Hebraica de São Paulo. Foi comentarista do UOL nas provas de salto com vara e em altura

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