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  • Paavo Nurmi e os “finlandeses voadores”

    26/10/2012 por Beatriz Nantes em Atletismo, Memória, Notícias / Sem comentários

    Hoje em dia as provas de fundo no atletismo são dominadas por quenianos e etíopes. Mas nem sempre foi assim. No início do século XX, os finlandeses eram os grandes nomes da longa distância, rendendo a eles a alcunha de “Flying Finn” (“finlandeses voadores”).

    O primeiro grande corredor do país foi Hannes Kolehmainen, que venceu três provas nas Olimpíadas de 1912, em Estocolmo. Em um momento tenso politicamente, com a Finlândia buscando a independência da Rússia, o nacionalismo era grande no país. Ao ver a bandeira da Rússia sendo hasteada quando subiu ao pódio, Kolehmainen chegou a dizer que “quase preferia não ganhar”. Ele serviu de inspiração para uma geração que, entre 1920 e 1936, ganhou 16 ouros nas provas de 1500m a maratona.

    O principal nome foi Paavo Nurmi, conhecido como um dos melhores corredores de todos os tempos. Seu currículo inclui o incrível número de 12 medalhas olímpicas em três edições, de Antuérpia-1920 a Amsterdã-1928, sendo nove delas de ouro. Um dos prmeiros atletas a se dedicar integralmente ao esporte, fazendo seu próprio e rígido programa de treinamentos, Nurmi depois inspiraria atletas como Laase Viren, quatro vezes campeão olímpico em 1972 e 1976. Nascido em 1987, um ano depois da primeira Olimpíada da Era Moderna, em Turku, Paavo começou a correr aos 15 anos, já com um treinamento muito metódico. Aos 17 anos ele entrou no clube Turun Urheiluliitto, que defenderia durante toda carreira.

    “A cabeça é tudo. Músculos? Pedaços de borracha. Tudo que eu sou, sou pela minha mente”, disse em uma das poucas declarações. Um de seus rivais, Otto Peltzer, chegou a dizer que ele era impenetrável como um Buda, correndo e se retirando em silêncio nas provas.

    Diferente do que acontecia na época, Nurmi treinava por longos períodos, não apenas meses antes da competição. Depois de ser prata na prova de 5000m em sua primeira Olimpíadas, para ele uma falha ligada a dificuldade em manter o ritmo, ele passou a sempre treinar e competir com um cronômetro na mão direita – de acordo com John Bryant, autor do livro “3:59.4: The Quest to Break the Four-Minute Mile”, ele na verdade corria com uma foto de sua mãe na mão, que servia como inspiração.

    A partir das Olimpíadas, ele dominou por anos as provas de longa distância, estabelecendo seu primeiro recorde mundial em 1921, na prova de 10.000m. Seu auge aconteceu nas Olimpíadas de Paris, quando ganhou as cinco provas que disputou, sendo três individuais (cross countruy, 1.500m e 5.000m). A prova de cross country, que durou apenas três edições, foi vencida todas as vezes por atletas finandeses. Na edição de Paris, quando sagrou-se bicampeão olímpico, Nurmi foi um dos 15 corredores que conseguiu completar a prova, de um total de 38. O alto número de desistências está ligado as condições climáticas muito ruins, com temperatura acima de 40 graus.

    Depois de quase não viajar para Amsterdã para as Olimpíadas de 1928, onde conseguiu mais três medalhas, Nurmi recuperou a motivação e treinou muito forte para os Jogos de 1932, em Los Angeles. Mas ele não pôde defender seus títulos: foi suspenso pela IAAF, acusado de profissionalismo (em uma época em que isso era proibido), e assistiu aos Jogos como espectador, mesmo estando em Los Angeles. Ele continuou competindo até 1934, apenas na Finlândia. Em 1952, quando as Olimpíadas foram realizadas em Helsinque, Finlândia, ele foi o responsável por acender a pira olímpica. Paavo morreu no dia 2 de outubro de 1973.

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