Hoje, 4 de julho, Gustavo Borges postou em sua página do facebook um link para notícia da UOL que relembra a prata de Gustavo nas Olimpíadas de Barcelona. “20 anos da medalha de prata em Barcelona. Saudades!”, escreveu o maior medalhista da história da natação brasileira até hoje, com quatro medalhas olímpicas.

A caminho do primeiro pódio olímpico, aos 19 anos
Gustavo Borges tem um papel central na natação brasileira. Até a ascensão de César Cielo, ele foi nosso nadador mais vitorioso. O mais interessente é que, embora Cielo tenha conseguido o que faltou a Borges (o ouro olímpico), as conquistas de Cielo em nada diminuem as de Borges, pelo contrário – nosso campeão olímpico faz questão de frisar a importância de Gustavo em sua carreira, principalmente da época que treinou com ele no Pinheiros, e sua mãe já disse várias vezes que só deixou Cielo se mudar para São Paulo com 15 anos porque teria Gustavo como seu companheiro de treino. Na parede de sua casa em Santa Bárbara D’Oeste, Cielo tem enquadrado um traje usado por Gustavo, presente que recebeu do ídolo quando treinava com ele. 
É bonito ver como Gustavo lida bem com o sucesso da nova geração, algo nem sempre trivial. É muito marcante a imagem do nadador, que trabalhou como comentarista da Globo em Pequim, descendo as arquibancadas e invadindo a área da piscina para abraçar Cielo depois dele receber sua medalha de ouro.
Não foi só Cielo quem Gustavo inspirou. Uma geração de nadadores teve o paulista como referência, e se hoje pais colocam fotos de seu filho criança de sunga dizendo “é o próximo Cielo” e adolescentes tem o paulista como ídolo, até meados de 2000 muitos cresceram e passaram anos querendo ser Gustavo Borges, metonínima do que era um nadador de sucesso no país.
Este ano, Gustavo Borges foi eleito para o Hall da Fama da natação, e recebeu o prêmio em Fort Lauderlale, nos EUA. Com o feito, ele se junta a Maria Lenk, única brasileira já contemplada com a premiação, em 1988.

Prata em Atlanta-1996
O currículo do nadador inclui quatro medalhas olímpicas, 17 de panamericanos e quatro recordes mundiais em piscina curta, sendo um deles no 100 livre. Além da carreira medalhada, Gustavo sempre foi exemplo para as novas gerações pela dedicação extrema. São comuns relatos de companheiros de treino que dizem que Gustavo era sempre o primeiro a chegar a piscina e preparar seu material antes de mais uma sessão na água, mesmo nos últimos anos de carreira, encerrada em 2004, nas Olimpíadas de Atenas.
Foi com uma disciplina fora da curva que ele conseguiu levar o curso de Economia na faculdade de Michigan junto aos treinos nos EUA com o treinador o Jon Urbanchek, que esteve na cerimônia do Hall da Fama e entregou a premiação à Gustavo.

Bronze no revezamento nas Olimpíadas de Sidney
Em Barcelona-1992, já treinando nos EUA, Gustavo nadou pela raia 5 e foi prata no 100 livre, perdendo apenas de Popov, em uma final emocionante sobretudo pelos episódios após a prova, quando apareceu como oitavo colocado no placar. A angustiante espera até a confirmação do segundo lugar contrastou com o sorriso de um gigante de 2,23 metros de envergadura e 2,04 metros de altura no pódio.
No ciclo olímpico seguinte, Gustavo subiu ao pódio no Campeonato Mundial de piscina longa, sendo bronze no 100 livre e no revezamento 4×100. Em Atenas, subiu duas vezes ao pódio em Atlanta, sendo prata no 200 livre e bronze no 100 livre. Até hoje, essa foi a Olimpíada mas medalhada da natação brasileira, somando aos feitos de Borges a medalha de bronze no Fernando Scherer no 50 livre. Em 2000, não nadou tão bem as provas individuais mas fez parte do revezamento bronze no 4×100 livre em Sidney, junto de Xuxa, Carlos Jayme e Edvaldo Valério, a primeira medalha da delegação brasileira na ocasião.
Beatriz Nantes é criadora do Esporte em Pauta, ex nadadora e apaixonada por natação desde que se entende por gente. Tem um golfinho de pelúcia apelidado Gustavo Borges
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