Em uma modalidade em que tradição e força política pesam muito na atribuição de notas dos juízes, deu o esperado. Não sem méritos: a Rússia, que levou todos os títulos Mundiais desde 1998, tem reconhecidamente as melhores atletas e profissionais do mundo na modalidade, e estrutura para tal – inclusive, as brasileiras Lara e Nayara passaram três semanas treinando com elas no início do ano. A técnica russa Tatiana Dachenko, em entrevista após a prova, disse que sabia que China e Espanha estariam fortes, mas que sabia que elas estariam competindo “entre si”. Modesta ou não, foi o que aconteceu: A Rússia levou os dois ouros, e China e Espanha completaram o pódio, com as espanholas melhor no dueto e as chinesas na equipe.
O nado sincronizado, disputado apenas no feminino, entrou no programa olímpico em 1984, com as provas de solo e dueto, que permaneceram até 1992. Em 1996, os dois saíram do programa e entrou a prova por equipes, mantida a partir daí; o solo não voltou às Olimpíadas, mas continua presente nos Mundiais, e o dueto voltou em 2000. Nas cinco vezes com disputa por equipes, a Rússia venceu quatro; no dueto, desde a volta em 2000, as russas levaram todos os ouros.
O sucesso não vem por acaso, e a comissão técnica sabe que o histórico não garante o pódio – embora, para essa modalidade, já seja uma boa parte do caminho andado. Ao final da prova, a campeã do dueto e 16 vezes campeã mundial, Natalia Ishchenko contou sobre o dia-a-dia de treinos. “Treinamos dez horas por dia, dentro e fora da piscina, isso que fazemos na água não é brincadeira. Preparamos cada nova rotina por um ano, é uma criação conjunta com nosso técnico. Pensamos primeiro na imagem da história, depois achamos a música, e eventualmente trabalhamos em novos elementos, e por fim o design das roupas”, explicou.
A disputa pelo segundo lugar foi acirrada e emocionante. No dueto, apesar de entrar em posição de desvantagem após a rotina técnica, as espanholas conseguiram bater as chinesas por muito pouco, levando a prata por 0.030 pontos. Andrea Fuentes, que já tinha duas prata de Pequim e é a princial atleta espanhola no nado sincronizado, disse que não conseguia ver a pontuação da China então não sabia quando ela e Ona Carbonell precisavam tirar. “Na verdade demorou um bom tempo para entendermos que tinhamos sido segunda, foi só quando vimos nossos técnicos que caiu a ficha”. A China levou sua primeira medalha olímpica no dueto, ficando com o bronze, e o técnico Masayo Imura comemorou que finalmente o país construiu o status entre as três grandes forças do mundo.
Na disputa por equipes, havia expectativa de que o Canadá conseguisse chegar ao pódio, depois de conseguir medalha no último Mundial. No entanto, as canadenses não foram páreo para a disputa entre chinesas e espanholas pela segunda colocação, terminando em quarto 3.49 pontos atrás do terceiro lugar, que ficou com a Espanha. É bom a Rússia ficar esperta com a China: na disputa por equipes, elas foram sexta colocadas em Atenas-2004, terceiras em Pequim-2008, e agora já pegaram a prata da Espanha.
Quadro de medalhas:

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