Aos 29 anos, Kaio Marcio de Almeida ainda quer mais na natação. Após três participações olímpicas (2004, 2008 e 2012), uma passagem treinando no Fluminense e um período sem treinar, o nadador está de volta a sua cidade natal, João Pessoa. Duas vezes recordista mundial, finalista olímpico em Pequim-2008 e com cinco medalhas em Mundiais de piscina curta, Kaio é um dos melhores nadadores de borboleta da história do país. Dono de um submerso muito forte, Kaio falou sobre os objetivos para esse ano, a possível volta para a respiração frontal e os momentos mais marcantes de sua carreira.
Beatriz Nantes- Com sua candidatura à deputado federal, chegou a ser indagada uma aposentadoria. Quais seus planos para a natação?
Kaio Márcio – Eu fiquei sempre nadando, mas não estava treinando. Agora voltei a treinar.
BN- Você já sabia que iria voltar a treinar, ou decidiu no meio do caminho?
KM- No caso eu já iria voltar, só estava dando umas pequenas férias mesmo. Eu tenho o objetivo de nadar as Olimpíadas, então não estava planejando parar agora.
BN- Onde você vai treinar e com quem?
KM – Vou treinar em João Pessoa. Mudei de treinador, estou com o Reinaldo agora, de Piracicaba.
BN- Você não gosta de treinar fora de João Pessoa?
KM – Eu passei 4 anos no Rio de Janeiro pelo Fluminense, e depois da Olimpíada eu vim para cá. Nesse momento é onde eu mais gosto de treinar.
BN- Como pretende conciliar os treinos com a Câmara em 2015, caso seja eleito?
KM – Isso já é outra historia…
BN- Qual você considera ser sua melhor prova hoje? 50, 100 ou 200 borbo?
KM – Os 200 borbo.
BN – Como foi a adaptação da respiração frontal para a lateral?
KM – Eu cansei um pouco no começo, foi uma adaptação bem radical para mim na época. Eu treinei bastante, depois de um tempo consegui me adaptar. Mas não sei se vai ser a respiração que eu vou adotar agora. Talvez agora eu mude para a frontal, ainda estou vendo.
BN – De quem foi a decisão de mudar para a lateral na época, um técnico ou você mesmo?
KM – Fui eu mesmo. Um nadador russo que foi campeão olímpico em 1996 no 200 borboleta, Denis Pankratov. Ele nadava respirando lateral. Quando eu comecei a nadar, ele foi uma referência para mim no nado borboleta. Eu sempre tive vontade de respirar lateral.
BN -Você também é conhecido por ter um dos melhores submersos do mundo, existe algum trabalho especial para aprimorá-lo?
KM – Eu treino bastante pernada, dá uma ajudada para tudo. Desde pequeno acho que essa base me ajuda, de perna, com o passar dos anos foi aprimorada.
BN – Quando você bateu o recorde mundial dos 50 borboleta em 2005, já era esperado?
KM – Naquela época eu estava treinando muito para o 50 metros. Era uma época que era difícil de conseguir. Já tinha chegado perto na Copa do Mundo, dois meses antes, e depois eu estava preparado. Fiz uma marca que me surpreendeu pelo tempo, e me deixou muito feliz. Foi muito marcante.
BN – Quais outros momentos mais marcantes que você já teve?
KM – Esse do recorde mundial, quando eu fui campeão Pan-Americano, quando eu bati o recorde mundial de 200 borboleta. Foi em Estocolmo, me marcou muito. Esse depois que eu nadei a eliminatória eu já estava esperando mais.
BN – E o momento mais difícil?
KM – Acho que foi o mundial de longa de Shangai [Kaio terminou em 10º e parou nas semifinais dos 200 borboleta]. Eu estava treinando muito bem, e acabou que não competi bem. Não cheguei nem perto. Foi um momento que me deixou mais chateado.
BN – Como foi Londres?
KM – Londres foi um azar que eu tive, um problema de saúde. Fiquei doente alguns dias antes. Mas eu vou tentar reverter isso para 2016. [Kaio ficou em 17º e não passou das eliminatórias no 200 borboleta]
BN – Até pelo submerso forte, seus resultados em piscina curta são mais fortes do que em piscina longa. O que você faz para reverter isso?
KM – O primeiro passo é treinar em piscina de 50. Ela exige mais natação, tem que ter resistência maior. Treinar na longa já é um primeiro passo.
BN – Você está treinando em qual, no momento?
KM – No momento só estou treinando em piscina de 25, para esse ano.
BN – Quais os objetivos da temporada?
KM – Esse ano vai ser o Mundial de curta. O primeiro passo é conseguir o índice no Finkel, e depois conseguir nadar bem.
BN – Você vai treinar sozinho esse ano? Prefere?
KM – Eu treino sozinho, gosto de treinar assim. Treinei sozinho boa parte da minha vida, 80% da minha carreira, e me acostumei. Eu foco muito no tempo, consigo me motivar sozinho.
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