O PAN é uma competição importante para a natação brasileira. Mesmo com a melhora no nível de nossos ateltas nos últimos anos, que permitiu mudar escolhas o como a de 2003, onde o PAN foi privilegiado frente ao Mundial de piscina longa, a competição continental continua tendo grande peso no calendário da CBDA. Para a edição de Guadalajara, nossa seleção completa estará lá, e nossas maiores estrelas César Cielo, Thiago Pereira e Felipe França devem conseguir entregar bons tempos.
Um grande personagem da história de nossa natação já brilhou nessa competição. É Fernando Scherer, o Xuxa, que junto com Gustavo Borges foi o grande nome das piscinas na década de 1990.Ambos são grandes medalhistas de PAN – Gustavo Borges foi o atleta brasileiro que mais subiu ao pódio na competição até hoje, 19 vezes, enquanto Scherer tem dez medalhas.

Santo Domingo ficou marcada pela aparição de dois que seriam grandes nomes da natação brasileira a partir dai. Thiago Pereira, então com 17 anos, foi prata no 200 medley, que um ano depois daria a ele sua primeira final olímpica, e bronze nos 400 medley; na mesma prova, Joanna Maranhão também foi bronze no PAN e no ano seguinte conseguiu o melhor resultado da natação feminina do Brasil em toda história, ficando em em quinta em Atenas com 17 anos.
Diante dos novatos, Gustavo Borges, Scherer e Rogério Romero (que merece um post exclusivo) também brilharam. Os dois ajudaram o revezamento brasileiro a levar o ouro, Borges esteve na prata do 4×200, e conquistou o bronze nos 100 livre – já pouco competitivo na prova em nível mundial, fez uma opção a meu ver certa e encerrou a carreira em Atenas nadando apenas o revezamento 4×100, sabendo que na prova individual seria difícil brilhar e chegar perto do resultado de Barcelona (prata) e Atlanta (bronze).
Mas a grande surpresa e uma prova memorável ficou por conta de Scherer nos 50 livre. A disputa prometia ser uma das mais fortes da competição, a única contando com o melhor atleta da seleção americana que foi ao PAN, Gary HAll Jr, nada menos do que o campeão olímpico dos 50 livre na época (e que um ano depois se tornaria bi, levando o ouro em Atenas). Mas o outro protagonista era o argentino José Meolans, campeão mundial da prova em piscina curta um ano antes, e que já havia levado o 100 livre no mesmo PAN.
E lá estave Scherer. Bronze nas Olimpíadas de Atlanta sete anos antes (não sei se é possível entender o tamanho e o significado de uma medalha individual olímpica), em Sidney a má atuação individual (não passou das eliminatórias) foi ofuscada por um bronze histórico no revezamento 4×100 livre, com o Brasil se colocando junto aos gigantes Austrália e EUA.Três anos depois, Scherer chegou ao PAN como azarão ao lado dos dois.
Mas Scherer sempre foi guerreiro. Começou tarde na natação, com 17 anos, era surfista, se iniciou com cabelos compridos e loiros e depois ficou conhecido pela cabeça completamente raspada. Nadou ali uma prova irretocável e levou o tricampeonato com 22″40, deixando os dois rivas para trás, e comemorando do jeito que esse tipo de vitória pede.



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