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  • Depoimento: Tchau, Flávia!

    17/12/2012 por Beatriz Nantes em Natação, Notícias, Opinião / 2 Comentários

    2000, piscina do Corinthians, Troféu Brasil. Eu tinha 12 anos e essa é minha primeira lembrança de assistir um campeonato brasileiro absoluto pela TV, embalada pela Olimpíada de Sidney. Fundista até o último fio de cabelo, adorava a Nayara Ledoux Ribeiro, que nessa competição conseguiu índice para o Mundial de Fukuoka com apenas 16 anos. Dias antes, a Monique Ferreira fez o índice no 400 livre. E no domingo, Flávia fez o índice do 50 livre. Me lembro até hoje da narração, assim que ela bateu a mão na parede. “… e consegue o índice…”. Emocionada, ela olhou para a arquibancada e levantou o braço. Tinha 16 anos também.

    Comemorando índice olímpico

    2003, Santo Domingo. Era o PAN e já tinha presenciado atuações memoráveis, como a vitória incrível de Fernando Scherer no 50 livre, batendo um campeão olímpico e um mundial (não me importa o que Xuxa fez de sua vida/carreira depois que parou de nadar, nas piscinas, ele era o cara). O ouro de Rogério Romero no 200 costas. Joanna Maranhão e Thiago Pereira, aos 16 anos, conquistando índices olímpicos e encantando a comunidade aquática nacional. E pra terminar com chave de ouro, Flávia, nadando pela raia 5, fazia o índice olímpico no 50 livre.

    Fazendo isso que parece trivial mas não é nem um pouco: evoluindo de bons resultados nas categorias de base, uma participação precoce no PAN de 1999, índice para Mundial, e chegando a um índice olímpico.

    Quantos nadadores de 12, 13, 14 anos não sonham com isso? Repetir as seleções e melhorar sem parar?

    Viver, ao menos por um tempo, de natação. Virar atleta profissional. Acordar todos os dias para se dedicar ao que você ama.

    Um ano depois de Santo Domingo, o ápice: Flávia conseguia chegar à final no 50 livre nas Olimpíadas Atenas. Naquela histórica participação feminina, a melhor geração de nadadoras que vimos nos últimos anos chegava ao topo: Joanna, Flávia e o revezamento 4×200 fizeram finais. Muitos podem dizer que a evolução parou por ali. Mas quantos nem chegam a isso? Temos muito o que melhorar no nosso feminino, os resultados não negam, mas ainda assim aquela atuação foi histórica. Não faz sentido desprezar uma final  olímpica só que porque ela não virou uma medalha quatro anos depois (tenho até vergonha de escrever isso, mas alguns comentários me mostram que é preciso…)

    Para entrar na final, Flávia empatou com o sétimo tempo (e disse em entrevista que quando viu pensou “putz, será que empatei em oitavo e vou ter que disputar desempate…”). Mas nem precisou. Empatou em sétimo mesmo, com a Jenny Thompson. JENNY THOMPSON: 8 medalhas olímpicas. E no outro dia nadou a final, na raia 8. Com 20 anos, do lado da Inge de Brujin, da Libby Tricket, tirando nomes como Marleen Veldhuis da final.

    Comemorando com Albertinho

    Não é só porque e feminino: chegar a uma final olímpica é gigante.

    Ontem Flávia Delaroli encerrou a carreira em grande estilo. Em sua prova preferida, em uma final de Mundial. Repetindo, oito anos depois, uma final, como aquela inesquecível de Atenas. Sentindo adrenalina, como ela disse que gosta.

    Flávia entrou na área de piscina sorrindo. Concentrada, mas sorrindo, como tem que ser. Nadando com alegria.

    Depois da prova, deu uma entrevista linda. Eu destaco o que para mim é a melhor parte e define bem o que é natação, esporte, e porque fazer parte disso sempre vale a pena:

    “Não é fácil. A matemática não fecha. Um mais um não é dois e nem tudo o que você põe você vai tirar de volta, mas o que você tira, se realmente souber valorizar, vale por tudo e tem peso de diamante. Espero que muitas pessoas se inspirem na minha história, na história dos meninos, nas medalhas e se dediquem. Porque além de ter a oportunidade de participar de uma coisa dessas, que é muito mágica, aprender a tirar essa força de você, independente do nível, seja num campeonato regional ou mundial, é primordial pra ter sucesso em qualque area da sua vida.”

    Tchau, Flávia!

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    • flávia delaroli

    2 Comentários

    • rcordani

      Sensacional o post e a carreira da Flavia. Mas o top sensacional de tudo é a final olímpica de 2004! Parabéns.

      17 dez 2012 05:12 pm (@Twitter)
      Responder
      • NomeLucia

        Como sermpre belas palavras, de quem conhece bem o esporte.
        Linda matéria, linda entrevista!
        Parabéns Beatriz, parabéns Flávia!

        17 dez 2012 06:12 pm (@Twitter)
        Responder

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