Foi por muito pouco. A improvável classificação às quartas de final da Copa Davis após doze anos bateu na ponta das raquetes brasileiras. Após duas derrotas na sexta-feira, o adeus parecia certo. A parceria nacional fez o jogo da vida e ganhou dos irmãos Bryan no sábado e adiou a decisão para o domingo. Thomaz Bellucci colocou a cabeça e o jogo no lugar para vencer John Isner. Coube então a Thiago Alves tentar a heroica virada diante de Sam Querrey. Quase deu.
Bellucci esteve duas vezes atrás do placar, mas mostrou muita força mental e, principalmente, paciência para reverter a situação. Em 3h29 de partida, o paulista anotou 2-6, 6-4, 6-7, 6-4 e 6-3 pra cima do gigante Isner. Bellucci sofreu com sucessivos erros dos juízes de linha e, incomodado, foi presa fácil no primeiro set. Reagiu logo no início da parcial seguinte e com belas subidas à rede empatou o jogo. O terceiro set foi o mais equilibrado e Isner venceu nos detalhes no tiebreak. Apostando nas devoluções profundas, o brasileiro conseguiu igualar o placar mais uma vez. Concentrado, aguardou a melhor oportunidade para quebrar o adversário e garantir a vitória.
A árdua missão sobrou então para Thiago, apenas número 141 do mundo. Com a garra de sempre e vendo Querrey, vigésimo melhor da atualidade, sobre pressão, o tenista de São José do Rio Preto teve um início promissor e venceu a primeira parcial por 6-4. Com o apoio da torcida, que não lotou o ginásio em Jacksonville nenhum dia, Querrey entrou no jogo e colocou sua maior técnica e experiência em jogo. Com poucos erros e muitos winners, o americano marcou 6-3 e 6-4. O quarto set começou com quebra em favor de Querrey e o confronto parecia definido. Mas Thiago voltou pra partida, quebrou o americano e teve suas chances no tiebreak, mas sucumbiu com 7-3 no desempate.
Desde a criação do Grupo Mundial, em 1981, o Brasil jogou 25 confrontos e venceu apenas 9, sendo 8 como sede. Em 118 partidas até hoje, são 51 vitórias brasileiras na elite do tênis. Apenas 14 vitórias foram fora do saibro. Com a eliminação na primeira rodada, o Brasil irá para a repescagem de setembro pelo oitavo ano consecutivo buscando continuar entre os 16 países da primeira divisão. O adversário só será conhecido em julho.
Fica a ótima impressão de uma equipe aguerrida e que soube reagir quando a derrota esteve iminente. Pontos positivos para Thiago Alves, que teve sua convocação muito criticada pela imprensa nacional. Bellucci foi muito mal na sexta e mudou totalmente no domingo. Precisa entrar mais ligado e ser o líder de simples que precisamos. Ele tem agora 14 vitórias em 22 jogos pela Davis. A dupla, mais uma vez, se mostrou espetacular e tem tudo para seguir assim por longo tempo. Bom trabalho também do capitão João Zwetsch e da equipe de preparação física, visto que todos os titulares jogaram muitos sets. Os Estados Unidos não esperavam esse sufoco. Por isso a Davis é tão emocionante e tradicional. Sem dúvida os olhos estarão abertos para o Brasil.
Guilherme Daolio é Jornalista e Radialista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Apaixonado por tênis por influência de seu pai, acompanha o esporte desde pequeno. No momento em que Djokovic, Federer e Nadal polarizam as quadras, Guilherme arrisca suas raquetadas por aqui. Novidades, projeções, análises, informações, apostas e tudo que envolva a bolinha amarela vira assunto.
O nosso colunista já passou pela Rede Record e pelo Portal IG. Hoje é editor de texto da ESPN Brasil e louco por tênis.
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