Show. Acho que essa palavra resume bem o que foi final de semana das estralas da NBB, nos dias 10 e 11 na cidade de Franca. O ginásio ficou abarrotado nos dois dias do evento, com a presença de muitas mulheres e crianças. O Pedrocão viveu um dia para entrar para sua a história. Jogadores, técnicos, dirigentes e jornalistas foram para um final de semana no interior paulista para mostrar que o basquete nacional ainda tem salvação e que seu futuro pode ser dourado.
Logo na sexta feira à noite os concursos individuais. Para começar, um misto de velocidade, precisão nos passes e arremesso certeiro: o Desafio de Habilidades. Na primeira fase os dois jogadores com menor tempo iriam para a grande final. Fernando Penna, de Franca com o tempo de 30,6 segundos e Fúlvio, de São José dos Campos com 27,6 segundos foram os classificados. Na final Penna melhorou seu tempo, fez um circuito perfeito e foi o campeão para o delírio da torcida francana.
A segunda competição do dia era sem dúvida a mais especial para a torcida, uma vez que o torneio de 3 pontos iria acontecer com a presença de Helinho. Filho do técnico Hélio Rubens, o camisa 10 cresceu e começou sua carreira em Franca, sempre com passagens boas pela equipe do
interior, se tornando o grande ídolo da cidade. O armador fez questão de não decepcionar o ginásio, foi para a final contra o ala Paulinho, do Pinheiros e fez 21 pontos contra 12 do adversário para explodir de vez o Pedrocão. Muito emocionado com os gritos da torcida no final do torneio, Helinho comentou “É uma satisfação muito grande, não dá nem para descrever o que estou sentido agora. Estou realmente muito feliz”.
Como em todo jogo das estrelas de basquete, as enterradas foram reservadas para o final. E o concurso não decepcionou quem aguentou as quase três horas de evento. Com um clima descontraído e irreverente, o torneio levou o público à loucura, principalmente quando as cravadas vinham do figuraça Kevin Sowell, jogador americano do time local. Para a final classificaram-se o ala Gui, de Bauru, e o jogador de Araraquara Rafael Stabile. Depois de mais algumas enterradas o atleta bauruense com a ajuda do companheiro Larry Teylor foi o campeão com 95 pontos somados.
Gui, vencedor do concurso de enterradas:
Mas o que todos esperavam era o jogo do sábado, Brasil x Mundo. Com os quintetos titulares escolhidos por votação na internet pelo público, todo mundo queria ver a revanche brasileira contra o time do resto do mundo. Como já era de se esperar, o confronto começou disputado, com as duas equipes se alternando a frente do placar. Enterradas para todos os lados, tocos, roubadas de bola, cesta de 3 dos pivôs, armadores gravando as bolas no aro. Tudo que um bom espetáculo precisa, mas no final deu Brasil, 125 x 102, com uma bela atuação do pivô Murilo, escolhido o MVP (melhor jogador) do jogo.
Há alguns anos tive um professor que sempre dizia: “Para analisarmos alguma coisa com imparcialidade temos que nos distanciar o máximo do objeto estudado”. E foi esse mesmo professor que em uma banca de TCC alegou não ser capaz de julgar o trabalho dos alunos com parcialidade, por que em diversos momentos enquanto assistia o trabalho se emocionou, riu e se envolveu completamente com o tema. E acho que foi isso o que aconteceu, por diversos momentos deixei de prestar atenção no jogo para virar um puro torcedor. Vibrava com as enterradas, torci pelo Helinho no campeonato de três pontos e vendo o jogo de sábado passei a maior parte do tempo sorrindo. Por isso hoje sou um pouco suspeito para falar do evento.
É claro que ainda existem vários pontos a serem repensados para a próxima edição. A audiência na TV aberta continua muito baixa (menor do que a registrada no jogo do ano passado), faltam jogadores mais conhecidos e gabaritados nos torneios da sexta feira, novas praças devem ser exploradas e não somente a cidade apaixonada que é Franca (é o segundo ano consecutivo que evento acontece por lá), etc. Mas acredito que no final das contas o saldo foi muito positivo, não só para quem assistiu todo o evento, mas principalmente para o basquetebol brasileiro.
Melhores momentos do jogo:
2 Comentários
Guilherme Lopes
Fala Thiago,
Eu confesso que, assim como você, eu também torci muito pro Helinho no campeonato de 3 pontos, fora o clima sensacional que estava o Pedrocão durante todo o final de semana. Esse ressurgimento do campeonato brasileiro de basquete é muto importante para recuperar a popularidade do esporte e aos poucos o Brasil voltar a posição de destaque que sempre ocupou no cenário mundial. Entretanto, na minha opinião, o Brasil precisa de muito mais que um campeonato pra recuperar a sua antiga posição. Clinicas de basquete nas periferias das cidades, parceria com prefeitura de cidades para a construção de quadras, maior apoio às categorias de base dos clubes das federações estaduais são algumas das atitudes que deveriam ser tomadas pela CBB, pois só assim o Brasil terá chances de ir para as Olimpíadas com reais chances de disputar o ouro.
Eu espero a sua resposta sobre o assunto e até sugiro um futuro post sobre isso.
Abraços!
10 abr 2012 10:04 pm (@Twitter)
Thiago Morais
Olá Guilherme,
Desculpe um pouco a demora em responder! Concordo plenamente com o que você disse no comentário acima. Aliás, muito obrigado pela participação.
Acho que assim como eu, você também deve ser um grande fã de basquete e ficou feliz com que aconteceu em Franca. É evidente que não é porque um evento deu certo que o basquete nacional está salvo. Muito pelo contrário, estamos longe de uma solução que faça o basquete voltar ao posto de segundo esporte no coração dos brasileiros. O que eu tentei passar no post e o que eu senti naquele final de semana fio simplesmente, Esperança. Evidente que ainda há muita coisa errada por aqui, isso é um fato. Não existem clínicas, clubes preparatórios, campeonatos de base, quadras públicas, incentivo privado e público, etc. Além de um confederação brasileira que não inspira a menor confiança e credibilidade. Em nenhum momento tentei passar a imagem de que os nosso problemas estariam resolvidos. Até porque isso é uma coisa a muito longo prazo (quem dera pudesse ser resolvida em apenas um final de semana), mas depois de muitos anos vendo o basquete no ostracismo, ver o que vem acontecendo no NBB4 e no final de semana das estrelas, faz com que apaixonados como nos ainda possamos acreditar no futuro.
Abraços!
24 Apr 2012 04:04 pm (@Twitter)
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