Há dois anos, ao final das provas de natação nas Olimpíadas de Londres, Barack Obama postou no facebook: “O programa de natação dos EUA tem muitas razões para ficar orgulhoso essa semana – aqui estão algumas mais”. Os EUA acabavam de ganhar, novamente, o maior número de ouros, pratas e bronzes entre todos os países na modalidade, liderando com folga o quadro de medalhas das Olimpíadas.
O presidente dos EUA estava orgulhoso disso, mas o post falava de algo mais. Uma foto comemorava as 600 mil crianças que haviam entrado em programas de iniciação à natação naquele ano, 530 mil aprendendo a nadar e 70 mil novos membros na USA Swimming, a confederação do país.
Costuma ser emocionante quando assistimos uma reportagem relembrando os primeiros passos de um campeão. Essas matérias não deixam de ser muito legais, tem seu valor. Mas é relativamente fácil (e cômodo) ir até a piscina de Santa Bárbara do Oeste e filmar o local onde Cesar Cielo aprendeu a nadar e iniciou sua vitoriosa carreira. Relembrar o início de uma trajetória quando ela já está traçada é relativamente fácil.Um pouco mais difícil é fazer o caminho contrário. Talvez um pouco do sucesso dos EUA na natação seja explicado por isso: o valor dado e os esforços feitos para incentivar a natação desde cedo.
Ver uma competição de natação na TV sempre me enche de felicidade. Ver uma competição de natação de categoria base na TV é quase uma raridade. Me enche de esperança. Me encheu de orgulho ver o Meeting Estudantil, transmitido pelo Corpo em Ação de Santos, no último sábado. Orgulho não só por ter estado lá nadando a série comemorativa dos 10 anos da competição, mas de ver uma competição com essa longevidade e, principalmente, de saber que conheço bem quem merece os parabéns por isso.
Ver o Caco e o Marcelo na beira da piscina é daquelas coisas que não tem preço. Tenho inveja de quem pode, mesmo anos depois de parar de nadar, “dar uma passada” no clube e ver que os antigos técnicos continuam lá, treinando outras crianças sortudas que passam a semana na escola esperando ansiosas pelo campeonato paulista. Meu clube não existe mais, os técnicos partiram para outras funções. Mas algumas coisas jamais se perdem.
Em uma natação que caminha todo ano para poucos clubes absorvendo todo mundo, em uma cidade importante para a natação brasileira e em um mundo de crianças viciadas em facebook e celulares, como é bom ver tanta gente junta para nadar um estudantil. Mesmo que essa competição não seja a principal da temporada. Mesmo que muitos ali não sigam na natação. Se uma criança estiver assistindo TV e resolver nadar depois de ver essa competição, ela já terá valido a pena.
Que continue valendo por mais 10 anos….
1 Comentário
Lara
Parabéns pelo texto e pela sensibilidade em perceber que o esporte ainda prevalece como forma de educação, principalmente para aqueles que fazem dele um instrumento de desenvolvimento do ser humano com paixão, mantendo o ideal esportivo!
06 ago 2014 09:08 am (@Twitter)
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