O sonho olímpico de Thorpe, ao menos para 2012, acabou de forma melancólica. Na primeira queda n’água, esperança: o australiano, cinco medalhas olímpicas no currículo, melhorou um segundo e meio do que vinha fazendo no 200 livre desde que anunicou a volta às piscinas, em fevereiro do ano passado. Com 1’49”16, passou das eliminatórias da prova em quinto e algumas manchetes chegaram a comemorar: “He’s back!”.
Não durou nem 24 horas. No mesmo dia, na etapa da noite, Thorpe parou na semifinal, com um 1’49”91 e o 12º lugar. Na conferência de imprensa, se disse decepcionado, nunca havia sentido isso depois de uma disputa, sem palavras. No fundo, todos sabiam que terminava ali a chance – pelo tempo no 200 e dada a disputa acirradíssima no 100 livre australiano, seria ainda mais complicado se classificar na prova. O fim foi confirmado com um 50″35, suficiente para deixá-lo em 21º, a cinco posições de nadar a semifinal.
Fim? A dizer pelos comentários de Thorpe após a prova, o fracasso na tentativa olímpica não muda os planos.E tudo porque o homem que assombrou o mundo ao ser o mais jovem da história a vencer um mundial, com 15 anos, em 1998, está mais feliz agora do que quando era o homem a ser batido no 200 e 400 livre. “It’s crazy, I do (enjoy it more now). You can have tremendous success and not be enjoying something and I have had bitter disappointment here and I still am enjoying what I’m doing. I guess that is the light at the end of the tunnel for this week, realising that even though those results weren’t what I wanted, I am enjoying this and it’s why I will continue to push through.” [É uma coisa louca, sim, eu estou me divertindo mais agora mesmo. Você pode ter um tremendo sucesso e não estar aproveitando, e eu tive uma amarga decepção aqui e estou curtindo o que estou fazendo. Eu acho que é a luz no fim do túnel para esta semana, perceber que embora esses resultados não foram o que eu queria, eu estou gostando disso e é por isso que vou continuar a fazer”.
Mais do que explicar a volta em si, o discurso e o plano de focar no Mundial de Barcelona no ano que vem jogam luz em
um outro tema, a aposentadoria precoce. Já sabemos que Thorpe voltou porque sentiu falta de algo nesses anos. E com as palavras ditas na coletiva de imprensa, ficou claro que havia alguma coisa muito errada para um dos maiores nadadores da história parar com apenas 23 anos. Nesse sentido, o empresário do atleta, David Flaskas, disse que a volta não tinha a ver com Londres, mas com “retornar ao esporte que ele abandonou tão infeliz há cinco anos”.
Thorpe disse que não se arrepende de ter tentado. “Falhar é uma grande motivação. Eu acho que estou bem perto de onde preciso estar. Tomara que menos de 12 meses”, disse, se referindo aos Trials para o Mundial. O planejamento ainda não está pronto, e ele sentará com Leigh Nugent, head coach da seleção australiana, e seu técnico Gennadu Touretski para definir os próximos passos. “When I started this I wanted to get back in the pool, I wanted to race and I wanted to go to the Olympics. I still want to do all of those things. I’ve missed out on a huge goal … but the desire is still there.”
Deixe um comentário