O nadador brasileiro Felipe França tem chamado atenção nos últimos tempos, tanto pela melhora na prova de 100 peito como pelas declarações de que será campeão olímpico da prova. Especialista na prova de 50, onde chegou a ser recordista mundial e tem o título do mundo, Felipe fez um trabalho muito bom nesse ciclo olímpico, junto ao técnico Ari, para capacitá-lo para a prova de 100 metros, dado que o 50 peito não é olímpica. Deu certo e hoje ele é um dos poucos a nadar abaixo de 1’00 na prova, uma marca muito respeitável. Mas será que ele tem realmente chances de levar o ouro, como costuma afirmar?

Ainda que não chegue como favorito e tenha atletas fortíssimos como adversários, França de fato tem condições de chegar ao ouro, ou ao menos a uma medalha, feito que seria espetacular. Evidentemente que não há como afirmar que ele subirá ao pódio e ele não é o principal favorito, mas França, de fato, tem condições reais de chegar ao resultado – além dele, apenas César Cielo, Thiago Pereira e os revezamentos estão nesse rol, sendo Cielo em um patamar acima. Claro que outro atleta pode surpreender e melhorar muito, mas pensando friamente, as chances de medalha da natação brasileira são essas.

O melhor tempo de França, 59”63, alcançado no Maria Lenk deste ano, é o terceiro melhor da temporada, atrás apenas dos dois japoneses, que estão muito bem. A trágica morte de Dale Oen acabou retirando um fortíssimo adversário da disputa, que chegaria a Londres como favorito ao ouro. O americano Brendan Hansen, prata em Pequim, e os medalhistas no Mundial Cameron Van der Burgh e Fabio Scozzoli também são fortes – eles estão atrás de Felipe este ano, mas suas marcas no Mundial do ano passado ainda são melhores do que o melhor tempo de Felipe (59’’42 e 59’’49).

O principal adversário é o fortíssimo Kosuke Kitajima, japonês bicampeão olímpico e com a melhor marca da temporada (58”90). Ele é o favorito, não somente pelo tempo alcançado este ano mas pelas quatro medalhas de ouro individuais em Olimpíadas, o que atesta para a capacidade do nadador em grandes competições e em decisões, o que não é nem um pouco trivial. Kitajima também nada para fazer história: se vencer o 100 ou o 200 peito, se torna o primeiro nadador da história a ser tricampeão olímpico, feito que só pode ser atingido por Phelps, além dele.

Pesa um pouco contra França o desempenho no último Mundial. Ele estava muito bem, classificou em quarto nas eliminatórias com 1’00’’01, mas piorou muito na semifinal (cerca de sete décimos) e acabou fora da disputa por medalhas. Para Londres, ele se diz melhor preparado e até hoje diz que não sabe o que aconteceu naquela semifinal. Muito religioso, ele se motra extremamente confiante na vitória em Londres. França perdeu peso, passa muito forte no 50 mas aprendeu a voltar bem e tem uma saída bem forte. Ele já teve problemas de desclassificação na virada, mas corrigiu a suposta “golfinhada”e tem todos os fundamentos muito bons.

Vale a pena conferir o desempenho do nadador já no primeiro dia de competições, quando acontecem as eliminatórias e semifinais (sábado) e a possível final no domingo. Se conseguir uma medalha, ele se torna o primeiro brasileiro a subir ao pódio no estilo peito.

Beatriz Nantes é criadora do Esporte em Pauta e apaixonada por natação desde que se entende por gente. Formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e graduanda em Economia pela FEA-USP, trabalha como analista de ações e toca o Esporte em Pauta