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  • Entrevista com Graciele Hermann

    28/02/2012 por Beatriz Nantes em Natação, Personagens / 1 Comentário

    Uma das três nadadoras brasileiras com índice olímpico até o momento, Graciele Hermann concedeu essa entrevista ao Esporte em Pauta no sábado, 25 de fevereiro, no restaurante do Grêmio Náutico União, clube que ela defende desde 2008, quando se mudou de Pelotas para Porto Alegre. Junto da atleta de 20 anos, Lúcia Araújo, diretora de natação do GNU esteve presente na entrevista.

    Esporte em Pauta: Você veio para Porto Alegre em 2008, saindo de Pelotas, onde treinava no Clube Brilhante. Como foi essa vinda, com 16 anos?
    Graciele: A história é legal. Eu conheci o Fred (Frederico Guariglia, técnico dos velocistas do Grêmio Náutico União) em Mococa, no Chico Piscina. Quase toda seleção gaúcha era do União, eu era uma das únicas que não era. Eu nadei até que bem, e ele começou a me chamar para nadar pelo União.

    Como foi a mudança para Porto Alegre? Seus pais ficaram muito preocupados?
    Meu irmão que deu o empurrão, é sempre ele que dá. Quando era para eu vir para Porto Alegre, dizia “não vou porque preciso terminar o ensino médio”, e ele falava pra mim: “Não Graci, tu vai”. Meus pais ficaram preocupados, mas era preocupação de mãe e pai. No primeiro ano eu ia muito para lá, ficava duas semanas aqui e no fim de semana já tinha que ir pra Pelotas, dava muita saudades. Mas agora não. Às vezes fico três meses sem ir, minha mãe acaba vindo para cá, mas nem sempre.

    Você já disse em várias entrevistas que começou a nadar aos 12 anos, no Clube Brilhante em Pelotas, porque tomava caldinho. Como era a equipe lá, tinha muita gente competindo?
    Estadual sim, mas quando eu peguei o índice para o Brasileiro o Brilhante já não tinha como me apoiar. Ai fizemos uma vaquinha, o pessoal me ajudou. Teve duas pessoas que me ajudaram bastante, o Flávio e o Luciano Castagno, eles me ajudam até hoje. O Luciano mora em Pelotas e nada competições Master pelo União. Eles juntavam dinheiro para eu poder fazer as viagens, e conseguiram mandar eu e o Nico para Fortaleza em 2007 (Brasileiro Juvenil). Lá foi legal que eu nadei o 50 livre e anunciaram que eu tinha classificado para nadar a final na raia 8. Nossa, eu comemorei demais. Depois anunciaram de novo e eu tinha ficado em primeira reserva. Nossa, chorei demais… minha irmã tinha ido comigo, choramos muito. Eu tinha ligado para minha mãe já, falado que tinha entrado na final, ninguém acreditava.

    Sua primeira medalha de brasileiro foi na prova de 100 peito, quando era Júnior 1, depois de ficar várias vezes em quarto nas provas de 50 livre na categoria Juvenil. Ainda treina o estilo?
    Isso, fui prata no 100 peito há três anos. Eu sempre ficava em quarto… era chato, mas eu já pensava na próxima, não desanimava. Eu ainda treino peito para quebra galho, para nadar em brasileiro ou estadual de categoria, mas em absoluto no máximo o 50 peito. Às vezes nado no revezamento.

    A primeira vez que nadou abaixo de 26″ na longa foi já no final de 2010. Na época, você já tinha a vaga do PAN em mente? Como foi conseguir a classificação na última seletiva?
    Nadei 25″9 em 2010, e ai peguei a vaga na Seletiva para o Mundial. O índice do Mundial era 25”20, classifiquei só para o PAN. E depois ainda tinha outras seletivas, e eu não nadei bem, mas o meu tempo continuou sendo o segundo. Já pensava no PAN sim, era objetivo do ano.

    Depois de pegar o índice olímpico dos 50 livre ano passado, como será a preparação esse ano? Vai passar por cima do Sulamericano e Maria Lenk e focar só nas Olimpíadas?
    Não vamos passar por cima. Até porque minha vaga não está garantida. Não vamos polir, mas também não vamos passar por cima, vou nadar bem. Para o Maria Lenk, depende do resultado do Sulamericano.

    Vai tentar o índice nos 100 livre também?
    Vou tentar sim. É difícil (54″57), mas vou nadar para tentar.

    No ranking Mundial do 50 livre do ano passado, 25″12 é o 26º tempo, mas se considerarmos só duas atletas por país a marca já é a 17º do mundo.  Tem alguma meta de tempo que precisará fazer para entrar na semifinal e final, e  alguma meta pessoal de tempo?
    Acho que se eu der 24″80, 24″70, dá para entrar na final.Tenho uma meta sim, eu escrevo no papel. Esse ano já fiz. Ano passado coloquei o símbolo das Olimpíadas, do PAN e o tempo 25″20, o índice olímpico. Antes do Open eu olhei e pensei “Caramba, só falta o tempo e as Olimpíadas…” Porque o PAN estava riscado. Eu queria a vaga pro PAN, e no final deu a medalha também. Depois do OPEN eu olhei o papel e acho que foi um dos momentos que eu mais me emocionei..Olhei o papel e pensei “Bah, consegui, consegui o índice e ainda fiquei em 2º no PAN”. Ai esse ano tem um outro lá, mas não revelo o tempo. Eu acredito no meu melhor, e sei que o meu melhor vai ser melhor que o tempo que eu coloquei lá.

    Você acompanha os resultados internacionais? As pessoas te comparam com a Brita Steffen (alemã, campeã olímpica dos 50 livre em 2008) pela altura e semelhança física…
    Acompanho sim, vejo os tempos. Ela é uma das minhas referências.

    Sabe quais os pontos na prova que precisa melhorar?
    A gente está trabalhando a saída né. Tem umas coisas na minha técnica também que o PC (Paulo Marinho, biomecânico da Seleção Brasileira) viu que eu tenho que melhorar e eu estou trabalhando também. E melhorar a força também, estou trabalhando bastante na musculação, para sair mais rápido, ser mais eficiente.

    Lúcia Araújo: Se na final do PAN tu tivesse dado a saída da eliminatória, tu tinha matado!

    Graciele: Relaxa!

    E você ficou a três centésimos e mesmo assim saiu feliz…
    É que eu já sabia que podia dar melhor.Eu sai daquela prova e sabia que podia dar melhor. Então eu comemorei e já sabia que no Open dava. O PAN foi muito legal, uma experiência ótima. Todos me trataram bem, foi ótimo.

    Você sentiu alguma diferença antes das eliminatórias?
    Claro que tem algumas coisas… teve um jornalista que perguntou se eu esperava pegar final… claro, né? Acho que não tem nenhum nadador que vai e não espera pegar final. E se está na final, tu quer pegar uma medalha.

    Sua primeira final em brasileiro absoluto foi na curta. Você gosta de nadar em curta? Tem alguma preferência? Os treinos são em qual piscina?
    Não tenho preferência. Gosto de nadar melhor na longa, porque meus objetivos são na longa. Curta eu já nadei bem, teve alguns absolutos, a Copa do Mundo. Por enquanto, que a piscina de 50 metros está reformando, estamos treinando nessa curta e na longa da outra sede.. não é tão boa, não tem bloco de saída, é rasa, é mais para sócio. Quando as duas estiverem prontas, a ideia é treinar nas duas daqui, ir revezando.

    Você treina com o Fred?
    Isso. treinei 1 ano com o Kiko, e agora já estou há 3 anos com o Fred. Às vezes quando ele não vem de manhã, treino com o Kiko ou com o Mirco.

    Como é a rotina de treinos?
    De manhã tem treino na água todos os dias e depois musculação. Ai almoço, e a tarde tem um fora d’água antes do treino. Todos os dias, menos quarta-feira que é folga de manhã, e domingo que não tem nada. Sábado tem só a parte da manhã. Agora estamos rodando mais, mas perto de competição é só velocidade. Eu anoto o treino todos os dias, tenho agenda, desde o ano que vim pra cá, tem uma agenda para cada ano, e na primeira página anoto os objetivos.

    Como é a musculação?
    Fazemos com aparelho e também levantamento de peso, com arranque. Era legal em La Loma, que podia jogar o peso, era bom, porque era carga máxima, ai depois jogávamos o peso no chão! O preparador físico do Cielo me viu lá, corrigiu algumas coisas.

    E você trancou a faculdade?
    Esse semestre tranquei, mas só esse, porque não ia dar, tem muita competição.

    Lúcia: É dificl colocar isso na cabeça dela …

    Graciele: é que nao dá ne! Eu não quero, minha mãe nao deixa, e meu irmão me mata. Semestre que vem eu volto.

    Você aparenta estar muito feliz nadando. Fica muito nervosa para competir?
    Sou uma pessoa muito tranquila. Fico nervosa, mas sei que meu trabalho foi certo, e que a competição vai ser resultado do trabalho, sabe? Durmo bem, não fico tão nervosa. Uns dias antes da minha prova no PAN eu estava pensando tanto na prova que sonhei com tudo, com o resultado, tudo exatamente como eu estava pesando, de tanto que estava na cabeça.

    Lúcia: Fiquei uma semana me atirando de roupa na água depois do PAN. E ela ainda dizia: agora em pé, agora de ponta cabeça. Agora para as Olimpíadas falei, vai ser um mês, mas ela disse que está ficando sem graça e que vai  inventar outra coisa.

    Foto: Ricardo Brandão / CEDA / Divulgação

    Como foi o índice? Você tem o vídeo da prova? Como foi nas eliminatórias acabou não passando na SporTV…
    Nao tem o vídeo do índice completo. O Kiko estava na frente, filmaram as costas dele. Ele vibra demais, é muito espontâneo, ele parado, e de repende olha e vibra muito. O PC tem a chegada, mas comemorando ninguém filmou. Nem o Fred viu a comemoração, porque na hora que cheguei todo mundo pulou em cima dele. Eu queria comprar a foto, mas não fiquei até o final da competição, fui correndo para o casamento da minha irmã.

    Sua família costuma ver as competições?
    Minha irmã costuma ir em bastante competição, meus pais nunca foram. Minha mãe foi para o PAN. Londres meu pai quer ir, mas está com medo, pode escrever. Ele fez um teste agora indo para São Paulo, já fez o passaporte. A Suzana vai também, e a minha mãe.

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    1 Comentário

    • Lucia

      Sensacional!!!!
      Parabéns!

      28 fev 2012 05:02 pm (@Twitter)
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