Luiz Altamir Lopes Melo, hoje com 17 anos e atleta do Flamengo, é um dos principais nadadores de borboleta do país atualmente, e um dos maiores destaques da nova geração da natação brasileira. Natural de Boa Vista (Roraima), Altamir viveu (e treinou) no Ceará até os 15 anos, onde competia pela Academia de Natação Hedla Lopes. Depois de colecionar títulos nacionais de categoria, Altamir vem aparecendo cada vez mais no absoluto. Especialista nas provas de 200 borboleta, 200 livre e 400 livre, na primeira ele terminou 2013 com o terceiro melhor tempo do país, atrás apenas dos olímpicos Leonardo de Deus e Kaio Marcio Almeida.

Foto: Satiro Sodré/SSPress
“Eu já penso nisso, em 2016. Todo dia eu penso nisso”, disse em entrevista pelo telefone. Altamir falou ainda sobre a mudança para o Flamengo em 2012, a participação em sua primeira seleção brasileira absoluta, a expectativa para este ano (“Acho que consigo chegar no 1’57”0) e exaltou a comissão técnica do Flamengo (“Não temos a melhor estrutura, mas temos alguns dos melhores profissionais”). Confira:
1- O que você achou do resultado no BHP Billiton na Austrália? Você esteve doente pouco antes da competição né?
Achei que foi um resultado bom para mim. Eu fiquei doente na segunda semana de janeiro, quando viajei para lá já estava melhor há uma semana. Eu competi com três semanas de treinamento, então gostei bastante.
2- Foi sua primeira seleção brasileira absoluta, você que foi várias vezes da seleção de categoria. Como foi?
Com certeza é um passo muito grande para mim. Eu sempre quis participar de uma seleção brasileira absoluta, foi o primeiro passo. Mas não acabou.
3- Você pensa em 2016? Ano passado você terminou com o terceiro melhor tempo do Brasil no 200 borboleta, atrás do Leo e Kaio Marcio. Com o Kaio parando, você já é o segundo melhor tempo do Brasil.
Eu já penso nisso, em 2016. Todo dia eu penso nisso.
Foi uma evolução muito grande que eu tive em um ano no 200 borboleta. Foi uma surpreso de baixar dos 2’00 e ir para o 1’58 [Altamir chegou ao Mundial de Dubai fazendo 2'01 na prova, e nadou para 1'58''94 nas eliminatórias e 1'58''99 na final, terminado em quinto lugar]. Agora é focar bastante nos detalhes, no treinamento, cada dia que passa eu foco mais em cada detalhe para melhorar.

No Mundial Junior, Altamir saiu de 2’01 para 1’58”94 no 200 borboleta (Foto: Satiro Sodré/SSPress)
4- Falando nisso, quais as expectativas pra esse ano? O índice do Pan Pacific é 1’57’’03, você acha que dá?
Acho que sim. Quando eu cheguei no 1’58 ano passado [durante o Mundial Junior, disputado em Dubai], eu não esperava. Acho que consigo chegar no 1’57’0. Cada dia que passa a gente coloca novas metas na nossa rotina, no treinamento. Daqui até o Maria Lenk ou o Brasileiro Junior eu acho que dá para chegar neste tempo.
5- Como é sua rotina de treinos? Você estuda?
Estou fazendo três dobras na semana, segunda, quarta e sexta, e também malho esses dias. Terça e quinta treino só no período da tarde. Vou começar em maio um estudo à distância. Vai ser mais rápido e acho que pode me ajudar, porque no futuro penso em fazer faculdade nos EUA.
6- Você pensa em treinar nos EUA também?
Eu gosto bastante do Brasil. Aqui é meu país, tem minha família, meu treinador. Ir para os EUA é um passo grande também, que vai me ajudar a evoluir psicologicamente e fisicamente, eu poderia evoluir com tanta gente de alto nível. Um dia eu penso em ir, até para ver a diferença, o que falta para nós, e sentir coisas novas também. Mas agora eu estou bem aqui.
7- Como foi a saída do seu clube no Ceará e vinda para o Flamengo, em 2012?
Eu estava recebendo o Prêmio Brasil Olímpico no Rio em 2011, e o Flamengo fez uma proposta muito boa. Eu tinha 15 anos, não sabia muito bem o que eu queria… só sabia que precisava sair de casa para evoluir. Fui muito bem recebido. Foi difícil tomar a decisão, porque eu tive que morar longe dos meus pais, mas me adaptei super bem. Gosto muito daqui.
8- Você sempre se destacou nas categorias de base, e na época nadava também 100 livre, 100 borbo, 200 livre… como é o seu treino? E quando comecou a especificar mais?
Meu treino é meio-fundo. Varia de 200 livre, 200 borboleta e 400 livre. E com esse treinamento, eu me sinto bem até para nadar prova de 100 metros. Às vezes sinto que falta algo de velocidade, mas eu e meu técnico vimos isso e ele está colocando coisas de velocidade este ano, já está fazendo uma diferença muito boa.
O 200 borboleta é a prova principal. Eu sinto que é a minha prova, nado desde o petiz 2, melhoro a cada ano. Mas treino crawl e borboleta, e sinto que o 200 e 400 livre são provas muito boas, gosto delas. Mesmo sendo uma prova carente no Brasil, com esforço e dedicação isso pode virar. O Brasil está crescendo. Você pode ver que o Leo de Deus já bateu o recorde brasileiro, estamos melhorando. Isso é um ponto importante para as Olimpíadas de 2016.
9- Como é sua relação com ele, e quem são seu ídolos?
Me espelho muito no Michael Phelps. Bom não tem o que falar, é o melhor nadador do mundo. Aqui no Brasil tem o Leo de Deus, que é uma inspiração para mim. A gente é amigo, já se conhece há um tempo. Nadamos as mesmas provas, e a gente sempre apoia um ao outro. A gente sempre se cumprimenta, já viajamos juntos,a gente sempre troca ideia. Ele não é um atleta que pensa só nele, ele quer que o Brasil cresça de uma forma conjunta. Isso é um ponto importante para um atleta campeão. Ele é humilde, sempre me dá uns toques. Gosto bastante dele.
12- A natação do Rio vive alguns contratempos e imagino que você, pelos resultados, tenha tido propostas para sair. O que te manteve no Flamengo, o que te deixa mais satisfeito no clube?
O que me deixa mais satisfeito é a minha relação com meu técnico, com a equipe. Isso foi o ponto mais importante para mim, para eu ficar aqui. Tudo bem, tem muita gente que mudou de clube esse ano. Mas eu melhorei muito com meu técnico. Não temos a melhor estrutura, mas temos alguns dos melhores profissionais. Cada dia que passa meu preparador, André Vieira, quer evoluir mais, meu técnico, Eduardo Pereira, quer algo a mais. Mesmo a equipe, meus parceiros de treino, estamos querendo sempre mais. Isso faz com que a equipe sempre evolua. A gente pode não ser a melhor equipe hoje, mas estamos trabalhando. Quem sabe o dia de amanhã?
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