Esporte em Pauta

Contato

Súmula

  • Reportagens
  • Personagens
  • Memória
  • Coberturas
  • Opinião
  • Michelle Lenhardt: “Resolvi me dar mais uma chance, lavar a alma no Maria Lenk”

    25/03/2013 por Beatriz Nantes em Natação, Notícias, Personagens / Sem comentários

    Michelle Lenhardt tinha 24 anos quando ouviu de seu técnico no Rio Grande do Sul que estava velha para o esporte e a natação tinha acabado para ela. Era 2004 e o Brasil conquistara seu melhor resultado até hoje na natação feminina em Olimpíadas, chegando a três finais, com Joanna Maranhão, Flávia Delaroli e o revezamento 4×200 livre. Quatro anos depois, Michelle estava em Pequim-2008 como integrante da seleção brasileira.

    Depois do Grêmio Náutico União, defendeu a Unisanta, de Santos, por três anos, e em 2008 foi para o Pinheiros, onde conquistou seus principais resultados. Depois de enfrentar uma lesão na coluna nos últimos dois anos e uma cirurgia de risco, Michelle foi dispensada do Pinheiros no final de 2012, e quase parou de nadar. “Fui a algumas entrevistas de emprego, e tinha conseguido o tão desejado cargo dentro de uma conceituada agência de propaganda aqui em SP, mas tomei a decisão de adiar minha aposentadoria. Resolvi me dar mais uma chance, “lavar a alma” no Maria Lenk”, afirma Michelle, que está em processo de transferência para um clube que ainda não pode revelar. Leia a entrevista completa:

    :: Veja aqui todas as entrevistas do Especial Nadadoras.

    Você começou a nadar com 4 anos e já passou por pelo menos duas histórias muito fortes de superação: uma quando saiu do Rio Grande do Sul desacreditada, e a outra relacionada aos problemas de coluna nos últimos dois anos. Neste início de ciclo olímpico, qual sua principal motivação e objetivos competitivos para os próximos anos?

    Em Paris, após ficar a 3 décimos do índice olímpico

    Sempre fui muito motivada, nasci pra competir. Mas chega uma hora na vida que temos que tomar decisões. Não penso no ciclo olímpico, tenho consciência da minha idade e as prioridades vão mudando. Nunca nadei por dinheiro, mas hoje estou contando apenas com o apoio que recebo da Marinha do Brasil. O problema da lesão me deixou dois anos sem resultados, o que dificulta bastante. O último importante foi a prata no Panamericano, em 2011.

    Qual foi o período mais difícil até hoje? Em algum momento você pensou em parar de nadar?
    Por incrível que pareça, apesar de eu ter sofrido muito com a lesão na coluna e ter tido que enfrentar uma cirurgia de risco (eu poderia não voltar a sentir minha perna direita), acredito que superei esse episódio e saí mais forte dele. Pensei em parar sim, e quase parei, mas foi só no começo desse ano, 8 meses depois da cirurgia, quando me vi sem clube e sem salário pra me manter aqui em SP, sendo que eu já estava de volta aos treinos e competições, gradativamente recuperando o condicionamento e confiança.

    Fui a algumas entrevistas de emprego, e tinha conseguido o tão desejado cargo dentro de uma conceituada agência de propaganda aqui em São Paulo, mas depois de muito pensar e repensar tomei a decisão de adiar minha aposentadoria e não aceitar o cargo. Achei que seria frustrante parar por conta de uma lesão e também por ter sido dispensada do clube onde conquistei os maiores títulos da minha carreira. Resolvi me dar mais uma chance, “lavar a alma” no Maria Lenk.

    Olimpíadas de Pequim-2008

    Fisicamente, como você está? Depois da cirurgia do ano passado, como foi a recuperação? Já está 100%?
    Até o momento da cirurgia foi um processo muito penoso. Minha lesão vem desde março de 2011, quando o meu quadril saiu do lugar num treino de musculação, passei uma semana sem andar. Depois disso, sentia muitas dores no treino, que já não era o mesmo por eu não ter condições físicas de cumprir. Exatos 12 meses depois, após ter feito duas infiltrações pra suportar as dores e os treinos, eu rompi o meu disco lombar, o que prensou o canal medular em 2cm. Passei a sofrer com irradiações do nervo, perdi força na perna direita, não sentia ela do joelho pra baixo e meu pé estava sempre dormente.

    Perguntei pro médico quais eram as minhas reais chances de recuperação até a seletiva olímpica (Maria Lenk) e o mesmo não me deu muitas esperanças. Eu, no meu grau máximo de teimosia, pedi que fizéssemos uma  nova infiltração para que eu pudesse competir, mas de nada adiantou. Cheguei na competição com dores e limitações de movimentos, principalmente para abaixar e fazer uma saída. Nadei os 50m livre, prova que eu estava a 30”do índice olímpico, e me sai muito mal. Nadei a final B, acho que fiquei em 16O lugar. No dia dos 100m livre eu não consegui nem aquecer, ali havia terminado pra mim.

    Realizei a cirurgia 2 semanas depois, saí do hospital andando e sentindo minha perna de volta. Depois de alguns meses de reabilitação, tive alta médica para voltar a treinar 100% em dezembro, no mesmo dia em que fui dispensada do E.C. Pinheiros. Hoje posso falar que estou recuperada, não tenho mais nenhuma restrição.

    O início de ano foi conturbado para a natação brasileira. Como está sua situação neste momento? Com quem você está treinando?
    É um momento delicado para alguns esportes no Brasil. Às vésperas de sediar os jogos olímpicos, vimos grandes nomes da natação brasileira sem clube. Bati em algumas portas, e fui rejeitada. Dois anos sem resultado, e a idade pesaram. Essa sensação é horrível. Hoje vou competir por um clube que me ofereceu o mínimo que eu precisava, uma estrutura de competição (passagens, hotel, alimentação e staff). Meu atual treinador é Felipe Domingues, que treina o multicampeão paralímpico André Brasil.

    Campeã do 100m livre no Maria Lenk 2009

    Recentemente você participou da Clínica da CBDA, que reuniu nadadores experientes e nomes da nova geração. O que você achou da nova estrutura da CBDA, com o Vanzella como treinador da seleção feminina e a realização da clínica e de iniciativas com os nadadores em conjunto?
    Um grande e importante passo foi dado, a natação feminina sempre ficou à sombra da masculina, nunca tivemos uma atenção voltada pra nós, o que julgo ser de total e fundamental importância. Acredito numa evolução de resultados.

    Como está sua rotina de treinamentos hoje e como será a preparação até o Maria Lenk?
    Fiz um trabalho totalmente diferenciado e voltado pra mim, com especificidades que nunca havia trabalhado antes. Agora é a fase final, polimento. O que tinha que ser feito já foi, e estou muito satisfeita com o que realizei. Meu treinador entendeu e soube trabalhar as minhas necessidades.

    O índice para o Mundial na prova de 50 livre é 25’’34. Você já nadou para 25’’50 no Open de Paris em 2011. Acredita que dá para chegar nesse índice?
    Treinei pra ser rápida. Por que não a mais rápida? Se vier o índice, é porque fui rápida o suficiente. Mas hoje vou competir apenas pra ser feliz e, depois do Maria Lenk, vou repensar a minha vida.

    Veja aqui a página ofical da nadadora.

    Foto capa: Satiro Sodré/Divulgação CBDA

    • Tweet
    • Tags:
    • Especial Nadadoras
    • Michelle Lenhardt

    Deixe um comentário

    Postando o comentário...

    Receber os comentários deste post via e-mail

    • Twitter