
Crédito: Jefferson Bernardes, Agência Preview
Na ausência de notícias quentes, as retrospectivas e entrevistas fazendo um panorama do ano dominam o noticiário esportivo. A quantidade de conteúdo com César Cielo deixa claro que há tempos ele deixou de ser um ídolo da natação e é hoje um dos maiores nomes do esporte olímpico brasileiro, status conquistado após um ouro e um bronze na sua primeira Olimpíada, dois ouros no Mundial e os recordes mundiais em suas principais provas.
Interessante que na imprensa internacional Cielo ainda está muito marcado pelo doping, enquanto aqui o tema já é tratado sob a ótica do “como você superou isso” e “o que sentiu no momento”. De qualquer forma, gosto das respostas dadas pelo nadador sobre a questão. Se o assunto já foi julgado pela instância máxima do esporte, não há mais o que falar sobre os fatos; sobre sua reação, ele parece sincero: não gosto de falar sobre isso, mas aconteceu, não dá para fugir.
Esta reportagem da SporTV é boa, mas acaba caindo um pouco em laudatórios. Partes fortes são Cielo comentando a reação de adversários que reclamaram de ser sido absolvido do problema do doping (“foi o 7o que reclamou, ainda se tivesse sido o cara que ficou em segundo.. você percebe que fazem esses comentários porque tem que aparecer fora d`água”) e a parte em que diz que “se estou treinando bem, sou um bom partido”. Nas outras reportagens, também fica evidente pelas respostas que natação é seu objetivo único e nada que o atrapalhe dessa rota está permitido em seu caminho.
No jornalismo impresso, muito completa a matéria do Valor, com os repórteres entrevistando o nadador em seu restaurante em São Paulo, e abordando outros aspectos além da natação. Gostei da profundidade das perguntas, sobretudo a que se refere ao PRO-16 (“quem paga por tudo isso”), dúvida que sempre tive mas que nem a mídia especializada tratava de forma adequada. Na entrevista do Estadão, aparentemente um pingue pongue com poucas novidades: Cielo reafirmando que gosta de pressão, que seu foco é ser o melhor, o gosto pelo status de favorito. Mas destaco a passagem que confirma algo que sempre senti de Cielo e vi pela primeira vez saindo de sua boca, sobre a importância do bronze no 100 livre em Pequim – minha opinião é que essa foi a prova mais importante de sua carreira, mais até do que o 50 livre, e colocou em Cielo uma confiança e segurança que antes não existiam. Palavras dele: “Eu cheguei em Pequim com o objetivo de trazer uma medalha, não queria saber qual medalha seria e qual seria a prova. O bronze (nos 100m livre) foi uma realização muito grande. Aquilo foi um momento de transição na minha vida. Numa manhã, eu mudei completamente, acho que até de personalidade. Mudou a minha história”.
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