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  • Tatiana Lemos: “vou nadar enquanto estiver feliz, estou pensando ano após ano”

    02/04/2013 por Beatriz Nantes em Natação, Notícias, Personagens / Sem comentários

    Com duas participações olímpicas e quatro em Pan-Americanos, Tatiana Lemos é hoje a atleta mais veterana da seleção brasileira. Presente no Mundial de Perth, em 1998, quando tinha 19 anos, Tatiana é recordista sulamericana do 100 livre em piscina curta e longa e do 200 livre em curta, e atleta da Marinha desde 2009. Depois de 11 anos no Pinheiros, ela defenderá a Unisanta nesta temporada, embora continue treinando em Brasília, com o técnico Fabio Costa. Nesta entrevista, Tatiana fala sobre os objetivos da temporada, a forma como encara a natação, seu papel na Comissão de Atletas do COB e a nova estrutura de trabalho da CBDA. “Achei muito válido. É um processo e o primeiro passo já foi dado. Mas não adianta só fazer clínica, tem que ser continuado, a partir de ações e estratégias”.

    :: Veja aqui todas as entrevistas do Especial Nadadoras.

    Você é a atleta mais veterana da seleção brasileira, participando do seu primeiro PAN em 1999 e com duas participações em Olimpíadas. Qual é o objetivo para este ciclo olímpico?

    Pergunta difícil essa. Na verdade eu não estou pensando ainda nas Olimpíadas do Rio, mas ano após ano. Esse ano meu objetivo é ir para o Mundial de Barcelona, e tudo vai depender dos resultados que eu for tendo. Eu vou nadar enquanto estiver feliz nadando, enquanto estiver com condições, com clube, salário. Estou pensando em nadar por partes, tracei todos os objetivos para esse ano.

     Esse início de ano foi conturbado para a natação brasileira, com muitos atletas mudando de clubes. Você assinou contrato recentemente com a Unisanta. Como foi esse início de ano, conseguiu treinar com tranquilidade?
    Foi bem conturbado mesmo. Estamos sem a piscina onde eu treino em Brasília, tivemos que achar uma piscina alternativa, além de muita coisa na cabeça para pensar e decidir. No começo do ano eu estava tranquila com essa questão dos clubes,  me programei para ficar 2, 3 meses sem clube, sem receber. Já tinha na cabeça que ia ser um processo demorado, para tentar focar nos treinos e não me estressei. Já vinha negociando, e assinei mesmo na semana retrasada.

    Mas continuo treinando em Brasília, que era o que eu queria e foi uma dificuldade nas negociações. Vou continuar com meu técnico Fabio Costa e acabei fazendo um contrato de um ano, em função de tudo que eu coloquei. Confesso que agora no final com a questão dos prazos para o Maria Lenk eu comecei a ficar mais preocupada. Quem não tiver clube vai ter que nadar a competição em observação, e ai só pode nadar eliminatória, então fica fora da final, que é a melhor parte. Isso foi me angustiando no final, mas no final deu certo. Depois de 11 anos no Pinheiros vou representar um clube novo, também vai ser uma novidade. Mas estou animada, satisfeita, muito focada para ir para o Mundial. As expectativas são bem boas.

    Você têm o recorde Sulamericano no 100 livre desde 2009, com 54’’72, ainda feito com os trajes. O índice para o Mundial de Barcelona está é 54’’86. Como está sua expectativa para o Maria Lenk nessa prova e para conseguir essa vaga para o Mundial?
    Esse tempo foi feito com traje mesmo, e em 2011 fiz 54’’95, que foi o tempo que me deixou pertinho do índice de Londres, mas acabei não fazendo. Eu acho que é um tempo totalmente possível de ser feito. Claro que não tenho certeza se vou fazer,  início do ano foi conturbado, não foi uma temporada perfeita. Acho que expectativa de fazer esse tempo eu não tenho, mas às vezes quando as coisas não são perfeitas a gente pode se surpreender, você passa por um monte de adversidades que acabam te fortalecendo de um jeito difícil.

    Lógico que eu quero o índice, mas tem o revezamento também, que já está classificado, e é uma porta de entrada para a seleção. Não estou criando grandes expectativas com o tempo.  Estou concentrada, focada, feliz com a minha natação. Ano passado foi bem difícil, muita coisa aconteceu, agora estou tranquila de novo e quero curtir esse momento de estar feliz com a natação, com os meus treinos. Voltei  para Brasília no meio do ano passado e foi um semestre de muita natação. Agora já estou adaptada e bem animada.

    Tatiana foi 19a no 100 livre em Pequim-2008

    Diante de toda dificuldade dos treinos e desse ano difícil que você teve, o que te mantém na natação?
    O que me mantém é conseguir equilibrar a natação na minha vida. 2008 foi um ano de muito aprendizado, e depois dali eu comecei a encarar a natação de uma forma um pouco diferente, e ver como isso fazia bem para minha vida. Além de gostar muito, também vi que podia fazer outras coisas que gosto e continuar sendo atleta de alto nível. Isso me deixou mais tranquila pra continuar treinando e vivendo minha vida. Eu não cheguei naquele limite ainda, de não aguentar mais, porque preciso fazer outras coisas, consegui equilibrar.

    E eu amo natação, o estilo de vida de atleta é o estilo de vida q eu gosto. Claro que tem sacrifícios, que é doído, tem lesão, tem dor, mas eu não trocaria a minha vidinha de atleta por outra. Enquanto eu tô feliz , nadando bem e financeiramente consigo manter minha vida eu continuo. Na hora que um desses fatores começar a desencaixar ai repenso. Esse ano já foi meu primeiro baque, fiquei dois meses sem receber. Começou a mudar o cenário, mas não mudou minha motivação nem meus objetivos. Já tenho 34 anos, mas todo ano tem uma motivação diferente. Eu acho que ainda posso fazer mais pela natação, isso me mantém.

    Que outras coisas você tem feito quando fala nesse equilíbrio?
    Além de ter tempo para hobby, esse ano particularmente eu comecei um curso do COB de fundamentos da administração esportiva. Fiquei sabendo que tinha e me interessei, e você só faz por indicação. São dois meses e é online, mas tenho que estudar todos os dias, está me exigindo atá mais do que eu esperava que fosse. Mas estou adorando, e já faço pensando na minha transição. Não sei quando vai ser, mas já estou me preparando, acho que é importante se preparar para parar.  não sei quando vai ser, mas já to me preparando. Sou formada em educação física, eu amo esporte, e não consigo me ver sem. O curso está sendo muito válido e não está atrapalhando meu foco. E estudar sempre é bom, ainda mais que o atleta trabalha muito o corpo, então trabalhar a cabeça é bom, está sendo muito válido.

    O que você achou da nova estrutura proposta pela CBDA, tendo  Vanzela como técnico da seleção feminina e com a realização de treinos em conjunto e clínicas, juntando atletas mais novos e mais experientes?
    Eu acho totalmente válido. Deveria ter sido feito há muito tempo. Não tem jeito, tem que separar o feminino e o masculino. É o mesmo esporte, são as mesmas provas, mas o corpo funciona diferente e a natação feminina está em nível diferente. Mais precisa de mais ações. Por exemplo, talvez para o masculino o interessante é levar para competições fora do país, e para as meninas, o interessante pode ser levar para treinar fora. Não cada uma ir treinar fora sozinha, mas levar juntas para um trainning camp de três semanas em algum lugar. Ver o que as outras meninas estão fazendo, trocar um pouco de figurinha, entender como em outros países chegaram onde chegaram e aqui não. Não só de treinamento, mas de parte física também.

    A nova estrutura é excelente, mas acho que precisa de mais ainda, de um trabalho psicológico, um fisiologista, biomecânico só com as meninas. Porque é diferente, a força, os hormônios. De toda forma é um processo e o primeiro passo já foi dado, acho que começou bem. Eu conversei com o Vanzella e o Adolfo, que são os responsáveis, dei algumas sugestões e até me coloquei a disposição pra ajudar. Não adianta só fazer clínica, tem que ser continuado, a partir de ações e estratégias.

    Você foi eleita para a comissão de nadadores do COB. Como está sendo fazer esse trabalho?
    A gente assumiu no final de fevereiro. O COB na verdade quer que os atletas se envolvam com suas Confederações, saibam o que está acontecendo dentro do COB, em relação aos Jogos do Rio, querem que a gente faça um elo entre atletas e dirigentes. Além de comunicar, querem que a gente consiga colocar para eles coisas que seriam importantes para os atletas. A meta são duas reuniões anuais, mas nada impede que tenham mais. Já exisita uma comissão, mas não era muito atuante, eles querem que seja mais ativa.

    Nesses  anos de seleção brasileira e em clubes, qual foi o momento mais marcante?
    Acho que meu ano mais marcante foi 2008. Eu bati 5 vezes o recorde Sulamericano do 100 livre, e o principal, aprendi muito de mim mesma e da natação. Minha cabeça mudou muito em relação à natação, a competição, aos objetivos, a acreditar. Eu não destacaria um momento, mas o ano de 2008.

    Foto de capa: Satiro Sodré/Divulgação CBDA

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