Daniel Paiola, o melhor atleta de badminton do Brasil, quer treinar no país. “Em 2016 o mundo todo vai vir para o Brasil, e eu tenho que sair daqui para treinar?”. No último ciclo olímpico, Paiola rodou o mundo disputando competições para subir no ranking mundial, e ficou a seis posições da classificação para as Olimpíadas, ainda inédita para um jogador brasileiro na modalidade. “Essa ano, a meta era mesmo ir para Londres. Depois eu tirei um mês e meio de férias, e voltei a treinar para ter um bom resultado no Pan-Americano”.
A competição acontece a partir do dia 8 de outubro, em Lima, no Peru, e terá presença de dez atletas do país. Os atletas ficaram cerca de um mês em campo de treinamento, em Campinas, treinando com Marco Vasconcelos, técnico português que treinou Paiola nos últimos anos. “Dessa vez ele está treinando a equipe toda, visando o PAN. Já tem conversas para ele vir e ficar de vez, mas não tem nada certo”. 
Nas conversas de Paiola com a Confederação Brasileira de Badminton, a intenção é que não seja necessário sair do país para treinar, como Paiola precisou fazer no último ciclo olímpico. “O plano deles é deixar um legado para o badminton brasileiro, dando a estrutura corretora para atletas olímpicos, trazendo treinadores de fora. Não é menosprezar o que tem aqui, mas o esporte ainda é pequeno no Brasil, não tem conhecimento que eles tem lá fora. Esses técnicos estrangeiros tem que vir até para dar cursos para técnicos também”.
Evolução
Na semana passada, Paiola disputou o Aberto Internacional de Badminton, no Clube Athlético Paulistano, em São Paulo. Mesmo se recuperando de virose e com febre na véspera do campeonato, Paiola mostrou conseguiu arrancar um set de Kevin Corda, número 43 do ranking mundial e o melhor jogador de badminton nas Américas, mostrando evolução da performance no primeiro confronto entre os dois.
“Ano passado no PAN de Guadalajara foi a primeira vez que a gente jogou, e foi 2 a 0 para ele. O estilo de jogo dele é difícil de seguir. Dessa vez, eu já estava esperando algo. Foi um bom jogo no final, com 54 minutos de duração, ele ganhou o primeiro set por 21-18, eu ganhei o segundo por 21-16 e o último ele venceu por 21-13”. No PAN do ano passado, Corda tinha vencido sem dificuldades por 21-14 e 21-8.
O melhor resultado da competição veio nas duplas, jogando ao lado de Alex Tjong, o segundo brasileiro melhor ranqueado. Mas o foco continua sendo no individual. “Esse foi o primeiro campeonato jogando ao lado do Alex, porque o Hugo [Arthuso], que costumava jogar comigo, está se dedicando mais aos estudos. Ainda não sabemos como vai ser”.
Próximos desafios
Paiola vai continuar treinando até o final do ano, quando ainda disputará uma etapa do Nacional e talvez o Sulamericano adulto, no Peru. “Vou continua treinando, já tive as minhas férias”. No Pan-Americano do Peru, Kevin estará presente novamente, e é um dos favoritos. Paiola é hoje o quinto melhor ranquado das Américas. “Estava em quarto, mas como dei umas férias de campeonatos depois de não conseguir classificação, e o americano continuou jogando, acabou me passando”. O peruano Rodrigo Pacheco Carrillo, segundo das Américas no ranking mundial, parou os treinos após as Olimpíadas e não estará na competição. Paiola tem tudo de brigar de igual para a igual com os competidores.
Mesmo sem classificar para as Olimpíadas, Paiola foi a Londres assistir algumas competições. “É claro que sempre fica um pouco triste, mas a gente tem que ver pelo lado bom, melhorar para o próximo ciclo. Eu devo fazer menos campeonatos, me poupando e treinando mais, talvez uma das coisas que aprendi no último ciclo, mas eu precisava conseguir ranking”. Agora já melhor ranqueado, Paiola pode treinar mais forte nos dois primeiros anos e se preparar para os dois últimos anos do ciclo, mais puxados.
A ideia é aproveitar os dois primeiros anos e estudar em um período, treinando nos outros dois. “Sei que em 2015 vai ser impossível, mas acho que em 2013 e 2014 dá para administrar isso”. O curso ainda não é certo, mas se estudar no Brasil Paiola pensa em algo ligado a esporte, como Educação Física ou fisioterapia. “Já tenho mais experiência. Quero jogar menos torneios, talvez os mais importantes. E treinar muito”.
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