Contribuição de Camila Lacerda
Domingo e segunda trouxeram aos espectadores brasileiros as finais do handebol feminino e masculino em duas histórias com finais bastante diferentes para nossas seleções. Já que no domingo a Record decidiu transmitir o belíssimo jogo da seleção Brasileira de futebol e sua derrota para a Costa Rica, quem tinha Record News ou conseguiu acessar a transmissão online do Terra viu a seleção feminina de handebol sobrar na vitória que trouxe o ouro contra a seleção da Argentina. Quem não tinha, infelizmente perdeu.
Eu bem que joguei handebol por 5 anos na faculdade, mas como minhas ex-companheiras de time bem sabem eu não entendo muito do esporte. Só sei que a seleção feminina brasileira é a melhor seleção das Américas desde algum tempo e tetracampeã dos Jogos Panamericanos. Não sobra muito a comentar sobre o jogo, em que o Brasil ganhou com tranquilidade por um placar de 33 a 15 e contou com grandes atuações da ponta direita Alê, da meia Duda e da experiente e talentosíssima goleira Chana.
Foto: Jefferson Bernardes/VIPCOMM
Comandada desde 2008 pelo Dinamarquês Morten Soubak, a seleção brasileira feminina terá a chance de mostrar à sua torcida no campeonato mundial a ser realizado em Dezembro no Brasil que está pronta para subir mais um degrau e crescer no cenário mundial. O Dinamarquês tem feito um trabalho de muita qualidade com o time e incentivado a ida de suas jogadoras para a Europa para que se exponham ao melhor handebol do mundo e assim possam evoluir, aumentando o nível individual e coletivo da equipe brasileira.
Essa seleção merece atenção. Do time que foi para o Pan, apenas duas atletas atuam no Brasil. As demais estão espalhadas pela Europa na Espanha, Hungria, Áustria, França e Dinamarca com a base do time formada por atletas atuando no time austríaco Hypo, que em recente parceria com a Confederação Brasileira de Handebol tem conseguido trazer experiência internacional e entrosamento entre as jogadoras. Não só porque suas jogadoras têm talento, potencial e vontade de vencer, mas também porque têm um técnico experiente acreditando que o Brasil possa brigar por algo a mais que eu ficaria de olho e torceria por essa seleção em Dezembro aqui no Brasil e também em Londres.
O jogo da seleção masculina foi diferente desde o começo. Bem que o Brasil tentou e até abriu 4 gols de diferença no primeiro tempo de jogo. Mas então o ataque pouco criativo da seleção, que forçou seu jogo o tempo inteiro em seus meias pouco assertivos e muito precipitados começou a falhar e o goleiro da Argentina Schulz começou a aparecer. O handebol é um esporte em que o goleiro faz toda a diferença no resultado final e pode acabar sendo o grande responsável pela vitória de seu time. Ainda que muitas das bolas defendidas por Schulz tenham sido mal chutadas pelos brasileiros, o fato do goleiro ter crescido e atuado como atuou tirou a confiança dos atletas da seleção e foi fator determinante para o resultado final de 26×23 favorável ao time argentino.
Goleiro Shulz que fez a diferença para a equipe argentina (Foto: Reinaldo Marques, Terra)
A derrota da seleção masculina acaba por trazer à tona a fragilidade de um esporte que tem tudo pra ser grande no país, já que é popular nas escolas Brasil afora e que se levado mais a sério poderia ir muito mais longe. Juca Kfouri postou já em 2010, em seu blog algo que a meu ver reflete essa derrota e a falta de evolução do esporte nos últimos anos em suas seleções feminina e masculina: “O sítio da Confederação Brasileira de Handebol informa que seu presidente, Manoel Luiz Oliveira, “aceitou”, constrangidamente, é claro, cumprir mais um mandato à frente da entidade, o sétimo”. Depois de sete mandatos e resultados pouco expressivos, resta nos perguntar se um dia esse esporte será grande no Brasil e se alguma gestão conseguirá fazer o esporte evoluir e consolidar-se como potência. Enquanto isso torcemos pra que as meninas brilhem e os rapazes possam se recuperar e dar a volta por cima da derrota de ontem.
Foto: Reuters
Foto: Terra
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