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  • Melhor do badminton no Brasil, Paiola quer centro de treinamento no país

    19/06/2012 por Beatriz Nantes em Badminton, Home, Notícias, Personagens / Sem comentários

    Fazia tempo que Daniel Paiola não competia no Brasil, cerca de quatro anos. Nascido em Campinas, o atleta de 23 anos decidiu não prestar vestibular quando se formou no ensino médio, para se dedicar integralmente ao badminton, esporte que começou a praticar com 13 anos. “Queria colocar o Brasil no ranking internacional, tentar chegar a uma Olimpíada”. Na época ele já se destacava nas categorias de base, tendo sido convocado para a Seleção Brasileira pela primeira vez aos 17 anos. Saiu do Brasil por conta própria e foi para a Europa treinar.”Acho que foi quando me apaixonei mais ainda pelo esporte, vendo a infraestrutura da Europa, os treinamentos”.

    Depois de fazer todo o ciclo olímpico treinando na Europa, Paiola está de volta ao Brasil e no final de semana venceu a segunda etapa do Campeonato Nacional Adulto sem perder nenhum set. Melhor brasileiro a nível mundial (ele é número 86 do ranking), o primeiro a ter ranking para disputar um Mundial da modalidade e primeiro a ganhar uma medalha individual de PAN, Paiola ficou em sexto na lista de espera para as Olimpíadas, e terá que adiar o sonho olímpico por mais quatro anos.

    Sócio do Fonte São Paulo, clube de Campinas tradicional na modalidade, ele praticou vários esportes quando pequeno mas sempre gostou daqueles disputados com raquete. Jogou tênis muitos anos, mas teve que parar por uma lesão no ombro, que o deixou afastado por um ano. Na volta, testou o badminton. “Foi amor a primeira vista. Eu tinha uns 13 anos, e nunca mais parei”, diz Paiola em entrevista depois de vencer Ygor Coelho por 2×0 no Nacional, disputado no clube Fonte, onde começou. “Realmente, tive sorte de ser um clube com tradição no esporte. Aqui o badminton tem espaço, ao contrário do que acontece no Brasil”.

    Apesar da constatação, Paiola é sensato quando avalia o desconhecimento do esporte no país. “Cada país tem sua cultura, isso é normal. O que eu penso não é nem na questão da visibilidade, mas do espaço. Não significa que precisa ser um esporte grande, mas de qualidade. Você sempre vai ter um esporte principal no país, é normal. Mas nos outros países você tem o principal e os outros tem sua base, tem uma infraestrutura correta”.

    Ciclo olímpico 
    Na jornada fora do país para tentar a vaga olímpica, Paiola começou em Portugal, onde treinou com Marco Vasconcelos, seu técnico até hoje, ainda que não consiga acompanhá-lo em todos os torneios. Depois de um ano no país, ficou três meses na Espanha, quatro na Dinamarca, contratado por um clube local, e depois foi para a Malásia, uma das maiores potências do esporte. “Foi sensacional, lá o badminton é como se fosse o futebol, a gente era visto como estrela. Passa na TV, em horário nobre, os ginásios ficam lotados, foi incrível”. O período na Malásia foi parte do treinamento para o PAN, quando a Confederação enviou a Seleção para o país. 

    Sobre a ajuda da Confederação Brasileira de Badminton Daniel se diz satisfeito. No primeiro ano, sua família bancou sua ida para a Europa. “Mas eu não cheguei a pedir nada para a Confederação porque nem era o melhor do Brasil. Conforme fui melhorando e virei o primeiro no ranking, a Confederação junto com o COB fez um projeto específico para mim. Apesar de todas as polêmicas [a Confederação ficou sob intervenção durante parte do ano passado] eu posso dizer que comigo foi 100% correto”.

    Para Daniel, parte das polêmicas com que a Confederação se envolveu foram justamente por tentar deixar o badminton mais profissional, algo que não agradou os que não se dedicavam tanto. “Ainda falta comprometimento dos atletas de levar a sério, mas isso depende um pouco da Confederação, de fazer uma seleção fixa, algo bem planejado. A geração do badminton é muito nova, geralmente o pessoal vai para a faculdade e para. Se as pessoas ganhassem algo em troca, seria diferente. É como na Europa: você não vai ganhar uma fortuna, mas tem um salário, as vezes pode estudar, tem algum recurso”, compara.

    Rio 2016
    Depois de chegar perto da inédita classificação olímpica, Paiola avalia o ciclo. “Quando fui para a Europa no começo, não sabia nada. Um erro foi que fiquei um ano em Portugal, depois seis meses em um lugar, três em outro.. na próxima vez que tentar, vou querer ficar fixo em algum lugar”, projeta, mas pondera que não poderia ter sido diferente. “Naqueles dois primeiros anos eu não tinha experiência, tive que jogar muito torneio para conseguir experiência, dessa vez não vou precisar jogar tanto. Visitei 80 países, as vezes era um por semana, isso desgasta. Agora eu já sei do que preciso”.

    O futuro permanece em aberto, mas o desejo é continuar se dedicando integralmente ao badminton. “Ainda vou me reunir com o COB e a Confederação, para ver como vai ser a estrutura”. A ideia que quer apresentar é a de fazer um centro de treinamento no Brasil, como viu no restante do mundo. “O que eu penso é que eles gastam dinheiro em mim e na equipe, mas não deixam um legado. Se aproveitarem as Olimpíadas do Rio para construírem uma infraestrutura, isso fica. Tem como fazer, precisa ver se vão querer”, avalia Paiola, que gostaria de treinar no Centro com técnico, equipe e estrutura fixa.

     

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