O consagrado repórter americano Christopher Clarey, trabalhando na cobertura esportiva no New York Times há 19 anos, fez reportagem com suas previsões para o esporte de alto nível ao longo de 2012. Entre suas apostas:
- Murray ganha seu primeiro Grand Slam, ao vencer Federer na final do Australian Open. Djoko leva Roland Garros e Wimbledon, batendo Tsonga na final
- Argentina ganha a Davis pela primeira vez
- Ian Thorpe vai mal nos Trials e não consegue classificar para as Olimpíadas
- Nada de Barcelona ou Espanha: Bayern Munich ganha a Champions, Alemanha ganha a Euro
Sobre as Olimpíadas, seus palpites são:
- EUA leva a melhor no quadro de medalhas, a frente de China e Rússia; Inglaterra termina em quarto
- Mo Farah é a grande estrela da casa, levando o 5 mil e 10 mil metros.
- Bolt perde o 100 rasos para Yohan Blake, vence o 200 rasos e a Jamaica bate o recorde mundial no 4×100
- Phelps ganha seis medalhas, mas perde o ouro para Lochte no 200 livre e 200 medley
Particularmente não gosto desse tipo de previsões. São meras apostas, e pode-se dizer o que você quiser: afirmando que Bolt perderá o 100 rasos ele vira “o cara que previu a derrota de Bolt” caso ela se concretize, e se errar, é só dizer: “Bem, Bolt foi genial de novo e ganhou, não dá nem para me culpar por isso”. Não faço previsões e não vejo sentido nisso; é mais produtivo analisar as provas e os competidores e esperar por uma bela disputa – como certamente será a de Phelps e Lochte, por exemplo.
Pensando em seus palpites, não tenho muito como opinar sobre futebol e tênis (mas torço pessoalmente pela vitória do Murray, um grande jogador em uma era fortíssima do tênis, onde ganhar um Grand Slam envolve bater os melhores da história, e da Argentina na Davis, principalmente pelo amor do país pela sua seleção de tenistas).
Sobre o restate, considero a contagem de medalhas secundária (o repórter diz o mesmo) nas Olimpíadas.
Ainda não há como opinar sobre o desempenho de Thorpe dado que este mesmo disse que quer estar no alto da forma apenas em março, e de fato não nadará bem antes disso. Não há como fazer inferências a partir das competições até aqui, mas uma coisa é certa: ainda não vi nenhum jornalista americano “prever” uma boa volta do australiano, principal estrela de uma das piores Olimpíadas da história dos EUA na natação (2000), algo até hoje difícil de engolir para eles.
Sobre Phelps, este a estrela da nova geração americana e o maior do mundo na natação, é difícil até mesmo saber que provas irá disputar - assim como Lochte. O apresentador do The Morning Swim Show Peter Busche e o repórter John Lohn acreditam que, a despeito de ter dito que iria se focar em provas mais curtas, Phelps não deve nem tentar o 100 livre nem as provas de costas, e acabará nadando o 100 e 200 borboleta, 200 medley e 200 livre. Nas duas últimas, o duelo com Lochte é com certeza uma das maiores expectativas do ano para quem acompanha natação.
Mo Farah é certamente um dos favoritos para as duas provas, que deverão ser bonitas de assistir com a torcida local acompanhando seu atleta. No 5.000m, ele foi campeão mundial em 2011 e terminou o ano como líder do ranking, e deve ter como principais oponentes o norte-americano Bernarnd Lagat (prata-2011 e segundo no ranking) e do sensacional etíope Bekele (ouro em 2008 e mundial-2009), além de outros etíopes e o queniano Eliud Kipchoge. Especialistas em atletismo acreditam que se Bekele estiver recuperado e na melhor forma, não há quem tire o ouro dele. No 10.000m, Farah termina o ano como terceiro do ranking, atrás de Bekele (que abandonou a prova no Mundial, mas no final do ano, mais recuperado, fez o melhor tempo da temporada) e do queniano Lucas Rotich. Farah foi prata no Mundial, ultrapassado no final por outro etíope, Ibrahim Jeilan. A briga promete ser boa, com Bekele buscando o tri e Farah atrás do ouro em casa.
Por fim, sobre o 100 rasos, creio que Bolt depende mais de si mesmo, com os concorrentes ainda bem longe do incrível recorde mundial de 9.58. Blake foi o campeão mundial após a desclassificação de Bolt, e fecha o ano como quinto no ranking. Além dele, nomes fortes são Asafa Powell e Tyson Gay (EUA, terceiro no ranking e que se machucou este ano).
Em minha opinião, a superioridade de Bolt em sua prova ainda é maior do que Phelps: o norte-americano não apenas perdeu de Lochte em Shangai como teve seu recorde quebrado pelo companheiro de equipe, ao passo que no caso de Bolt, nenhum corredor chegou perto de seu recorde. Mas nenhum dos dois cenários garante nada: Phelps está treinando forte e vai com tudo para reaver seu recorde na prova, e Bolt pode correr mal ou ser novamente desclassificado (além, claro, da possibilidade de algum concorrente melhorar muito e bater seu melhor tempo, cenário que hoje vejo como menos provável).
1 Comentário
Dudu
Uma coisa o tal Christopher Clarey já errou: ele não acertou nenhum dos dois finalistas do Australian Open.
08 fev 2012 05:02 pm (@Twitter)
Deixe um comentário