Eu era bem pequeno, mas me lembro como se fosse ontem da final olímpica do basquete feminino de 1996, em Atlanta. Sempre gostei do esporte e das transmissões inacabáveis dos grandes eventos esportivos. As modalidades coletivas em Olimpíadas cativam, emocionam e nos deixam presos à televisão. Eu que o diga!
Pra falar a verdade, não me lembro de ter acompanhado nenhum outro jogo da seleção brasileira antes da grande decisão. Talvez tenha visto resultados, claro, mas só por cima mesmo. As adversárias eram as sempre temidas norte-americanas, o famoso Dream Team. Lembro do meu pai comentando que não havia a menor possibilidade de igualarmos o jogo contra as yankees. Nosso parâmetro era a seleção masculina, que atropelava quem estivesse pela frente e já havia eliminado o Brasil nas quartas de final.

Hortência na partida contra Canadá
Paula, Hortência e Marta eram as jogadoras que eu admirava. Não só por fazerem 70% dos pontos da seleção, mas também por tê-las visto jogar pelos times do interior de São Paulo na década de 90. Nos pequenos ginásios do campeonato paulista, elas deitavam e rolavam.
Sim, repito que eu sabia que não dava para ganhar das americanas, mas ainda tinha aquele fiozinho de esperança que pudesse estar errado. E não é que as meninas igualaram no começo! Acho que foi exatamente isso que o treinador pensou e deve ter dito para suas comandadas entrarem em quadra leves, tranquilas e sem responsabilidade. Elas jogavam felizes, com sorriso no rosto e arriscando jogadas que normalmente renderiam belas broncas.
Quando acabou o jogo, ao invés de tristeza e choro pela derrota por mais e vinte pontos, as brasileiras comemoraram como se houvessem vencido. Fizeram muito mais festas do que as americanas, acostumadas às finais olímpicas. A cena de Paula e Hortência correndo com a bandeira comemorando a inédita e histórica prata não sai da minha memória.
Foi nesse dia que aprendi que às vezes as derrotas podem ser muito mais comemoradas do que as vitórias. E que o esporte nos encanta justamente por conta desses detalhes únicos e impressionantes que só ele tem.

Seleção feminina comemora a prata histórica em Atlanta
Guilherme Daolio é Jornalista e Radialista formado pela Faculdade Cásper Líbero e colunista de tênis do Esporte em Pauta.Já passou pela Rede Record e pelo Portal IG. Hoje é editor de texto da ESPN Brasil e louco por tênis.
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