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  • Fabiola Molina em três atos

    22/05/2013 por Beatriz Nantes em Destaque, Home, Memória, Natação / Sem comentários

    Perder tempo com o currículo de Fabíola Molina é besteira: hoje quero só lembrar de três momentos de sua carreira que me tocaram, sem recorrer a números ou a resultados. Mas resumindo, para quem não a conhece, Fabíola Molina faz hoje 38 anos, esteve presente em três Olimpíadas (2000, 2008, 2012), já foi campeão brasileira mais de cem vezes, é a melhor nadador de costas da história do país e uma das figuras mais carismáticas do esporte brasileiro na atualidade.

    1- Olimpíada de 2000
    Ainda eram tempos de Gustavo Borges e Fernando Scherer, de disputa entre Flamengo e Vasco. Fabíola era nossa melhor atleta no feminino e, na época com 25 anos, havia grande expectativa que fizesse o índice no 100 costas durante o Finkel, última seletiva para Sidney. Fabíola não fez.

    No último dia de competição, abrindo o revezamento 4×100 medley, ela fez 1’02’’92. O índice era 1’02’’90. Eu não conseguia acreditar! Falava pra minha mãe no sofá da sala: não pode ser, ela vai ter uma nova chance! Com 12 anos, acho que foi a primeira vez que fiquei indignada com os centésimos, os malditos centésimos que depois eu descobri que diferenciam um ouro de uma prata, um bom de um mal resultado, um passaporte carimbado e uma Olimpíada assistida do sofá.

    Depois, ainda bem, a CDBA decidiu dar um convite para a nadadora, que afinal de contas tinha o índice B da FINA (e o A também, como me alertou agora o impecável Daniel Takata). Abriu um precedente, teve reclamação… é polêmico, claro, mas ainda bem que foi essa a decisão. Na época ainda não sabiamos que Fabíola iria se reinventar e sua melhor fase não seria nos triviais 20 e poucos anos, mas depois.

    2- PAN 2007

    Foi a primeira vez que assisti uma competição de alto nível ao vivo. Estava com meu irmão no Rio, compramos ingressos em lugares bons na arquibancada. Por acaso, estávamos perto da famíla da Fabíola. Me lembro muito claramente de sua irmã.

    A Fabíola já tinha uma medalha de PAN, de 1995 se não me engano, mas fazia alguns anos que não tinha marcas “expressivas”. Ela tinha ficado fora das Olimpíadas de Atenas, mas desde então tinha voltado a nadar bem, dar bons tempos (perder no Brasil ela não perdia, mas foi aos poucos que foi voltando a fazer marcas melhores e se aproximar de índices).

    Enfim, julho de 2007, arquibancada do PAN. Família inteira da Fabíola do meu lado torcendo muito. Mais do que torcendo, vibrando mesmo: todos como ela: felizes, sorridentes, orgulhosos de sua Fabíola ali representando seu país. Ela chegou em segundo. Lembro muito bem de sua irmã chorando, emocionada, e de tirar uma foto com qualidade pífia, dado o zoom enorme, mas linda, de Fabíola abraçando seu marido Diogo Yabe ao lado da área da piscina. Existem casais modinha na natação, e existem Fabíola e Diogo.

    3- Índice no Maria Lenk 2012

    Sem dúvida uma das maiores emoções que a cobertura de natação já me proporcionou e um dos melhores momentos de 2012, como escrevi neste texto. O contexto: Fabíola tinha feito índice para as Olimpíadas de Londres um ano antes, mas por um descuido e um teste positivo, perdeu a marca. Nem vale a pena falar sobre isso.

    Fabíola voltou a tempo de nadar essa última seletiva – na verdade, ainda teríamos a “Tentativa de Índice” uma semana depois, exclusivamente para as provas em que não o Brasil não tivesse representantes ainda. Mas competição mesmo, com contagem de pontos, arquibancada lotada e transmissão na TV, aquela era a última.

    Nada de índice na eliminatória.

    Na final, ela teria a companhia de Laure Manaudou do seu lado, que tem “só” três medalhas olímpicas. Mas Fabíola fez Manaudou virar coadjuvante.

    Fabíola ganhou de Laure (isso é o menos importante), fez o índice (isso é muito importante) e emocionou o Maria Lenk inteiro (isso é inesquecível), independente de disputas de clube e contagens de pontos. Eu estava na área de imprensa e contrariando o que meus professores ensinaram, não contive algumas lágrimas. Era Fabíola.

    Com 36 anos, chegando a sua terceira Olimpíada, depois daquele 2011 tão difícil. Nas perguntas, algum repórter que provavelmente cobre futebol o dia inteiro e parou de para quedas em Jacarepaguá perguntou “por que o choro Fabíola?”.

    Mesmo com a melhor resposta ele não entenderia.

    Uma boa tentativa é essa foto aqui embaixo, dela abraçando sua família – cinco anos depois deles comemorarem sua prata no PAN naquela mesma piscina.

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