
Na final, a TV estava focada, claro, na briga pelo ouro entre Austrália e EUA. A distância era tanta que, quando fechava o quadro, só se via os nadadores dos dois países, o resto nem aparecia na TV. Nos últimos 50m, o Brasil estava em quinto e Edvaldo “Bala” Valério na água. A TV focada na briga pelo ouro e eu, querendo ver uma medalha do Brasil, não tinha como saber como estava a equipe brasileira
Talvez pela minha idade, talvez pela televisão colorida, talvez pela beleza do espetáculo, tudo era empolgante nos Jogos Olímpicos. Eu tinha 14 anos estava fascinado com as oito medalhas de ouro de Mark Spitz na natação, com a ginasta soviética Olga Korbut, com o esguio atleta finlandês Lasse Viren, a inédita derrota do time de basquetebol dos Estados Unidos para a então União Soviética
Nesses cinco anos que Ricardinho ficou fora da seleção, o Brasil não perdeu a hegemonia no cenário do vôlei. Marcelinho, Bruninho e Marlon seguraram a bronca, revezando-se dentro da quadra nas competições e mantendo o nome do Brasil entre os mais respeitados do vôlei. Mas quem viu a seleção jogar sob a regência de Ricardinho ficou muito feliz com a volta do jogador, considerado por muitos o melhor levantador que o Brasil já teve
Vicente Lenílson foi o primeiro brasileiro. A primeira parcial não determinou muita coisa para mim. Edson Luciano pega o bastão na quinta posição, a curva começou a fechar. O ritmo de Edson foi bom, forte. Mas a consagração começou a se confirmar a partir de André Domingos. De quinto, o velocista foi para terceiro e deixou Claudinei Quirino muito próximo da medalha de prata. Bastava ser melhor que o cubano que estava na frente. Parecia simples, mas não era
O que já era esperado por todos, aconteceu. O confronto entre Joinville (8º) e Limeira (9º) foi o mais equilibrado de todos os jogos dos playoffs e só foi definido no quinto jogo. A equipe do interior paulista, campeã estadual do ano passado, fez uma boa campanha na fase de classificação, mas não conseguiu parar o forte jogo coletivo da equipe catarinense e perdeu a série por 3×2. Na próxima fase, o time do técnico José Neto pega um dos favoritos ao título nacional, o Pinheiros
Na fase anterior à decisão, o adversário foi a Itália. Seria, pelo menos para os mais jovens na época, uma espécie de revanche, já que os italianos tinham deixado os brasileiros para trás dois anos antes na Espanha, graças a Paolo Rossi. Placar da semifinal, Brasil 2 x 1 Itália. Quem abriu o placar foi Gilmar Popoca
Já acostumado em assistir Esporte Total em sua edição noturna, Silvia Vinhas entra ao vivo e é interrompida por Álvaro José, que narra, ao vivo, a disputa da segunda semifinal do vôlei de praia. Em um tempo que não havia tantos sites de busca, jogar vôlei na areia era uma novidade incrível. Com a vitória de Adriana e Mônica, tive meu primeiro momento de patriostismo e que reflete o espírito olímpico. Nunca tinha visto um brasileiro em final, muito menos dos dois lados
Aquela prata fez os 10% de mim que ainda torcia não virarem 0%, e de certa maneira influenciou muito a paixão por esporte que tenho até hoje. Por mais cético que eu possa ser hoje, não tem como ser louco por esporte sem ter esses 10% de torcida infantil e cega dentro da gente. E sempre que o Brasil está nas Olimpíadas, tem 10% de mim esperando pelo improvável acontecer
Fiquei perplexo. Sem reação. Por segundos, que valeram como minutos intermináveis, não pude falar nada. Esperava ingenuamente que o narrador da transmissão tivesse alguma resposta. Murer não piscava. Colocava as mãos na cintura, inconsolável. Com os olhos arregalados, perguntava para organizadores e concorrentes o que estava acontecendo. Sem esbravejar. Apenas, sem compreender o que estava acontecendo
Os jogadores sentiram a energia vinda dasarquibancadas e não decepcionaram, protagonizando um show digno de final de um dos campeonatos de voleibol mais disputados do mundo (sem exageros). O ponteiro cubano Camejo, do lado do Vôlei Futuro, e o oposto Wallace, do Sada Cruzeiro, pareciam que tinham molas nos pés. Já o caricato Lorena, oposto da equipe de Araçatuba, não economizava na força das pancadas e nem mesmo nas comemorações