
Nelson se vai mas deixa um legado e exemplos. Mostra que o bom atleta também pode ser um bom professor. Mostra que o grande atleta através do estudo pode enobrecer ainda mais. Mostra que precisamos dar a devida atenção para uma prova onde já conseguimos, mesmo com restrições, produzir espetaculares atletas.
Dentro e fora das pistas, a vida de Nelson Prudêncio foi marcada pelo salto triplo. Duas vezes medalhista olímpico, o salto triplo tinha no ex-atleta um dos maiores especialistas do país. PhD desde 2006, o medalhista lecionava na UFSCar na disciplina de Teoria do Treinamento Esportivo e Fundamentos das Atividades Atléticas. Prudêncio morreu nesta sexta-feira, vítima de um câncer de pulmão que descobriu há cerca de um mês
Assim como exigimos fiscalização das obras de arenas esportivas, obras de infraestrutura, aeroportos que dêem conta da demanda, hotéis que consigam absorver os visitantes, pessoas preparadas para atender o turista e todas estas reivindicações que aparecem nos veículos de comunicação, também temos que melhorar e muito nossa cultura esportiva.
Hoje em dia as provas de fundo no atletismo são dominadas por quenianos e etíopes. Mas nem sempre foi assim. No início do século XX, os finlandeses eram os grandes nomes da longa distância, rendendo a eles a alcunha de “Flying Finn”. Em um momento tenso politicamente, com a Finlândia buscando a independência da Rússia, o nacionalismo era grande no país.
Quando criticaram Fabiana pela desistência de saltar, nem se preocuparam em comentar que a experiente russa Feofanova passou pela mesma dificuldade. Pouco mais de um mês depois, Feofanova mostra o estrago deste salto. Temos dois pontos para analisar. O primeiro é a constatação que o vento pode sim prejudicar de forma lesiva o atleta no salto com vara. O segundo é a crítica à organização dos Jogos
O primeiro africano a vencer uma maratona nas Olimpíadas, abrindo caminho para o domínio do continente nas provas de fundo, venceu as Olimpíadas de Roma correndo descalço. Bikila, da Etiópia, foi ainda o primeiro bicampeão olímpico da maratona, ao vencer os Jogos de Tóquio pouco mais de um mês depois de ser operado por uma apêndicite. Ele chegou a tentar correr no México, mas parou no meio da prova; em 1969, sofreu um acidente de carro e morreu quatro anos depois
Mesmo com a falha nos Jogos, Fabiana Murer continua figurando entre as melhores atletas do mundo em sua prova, como atesta a segunda colocação na Diamond League deste ano. Não quero tirar a importância dos Jogos, na minha opinião um campeão olímpico merece todos os louros da conquista, ele é único. Mas uma coisa não exclui a outra.
Não demorará para outros “Pistorius” alcançarem índices para Mundiais e Jogos. Quando este número aumentar, estas entidades terão um problema na mão, pois não poderão mais negar os estudos que comprovam que com próteses os bi-amputados têm vantagem em relação aos outros atletas que não são – principalmente na prova dos 400m, onde a segunda metade da prova dói menos para quem usa as pernas biônicas
No melhor dia de Jogos Paralímpicos até agora, o atletismo brasileiro conquistou quatro medalhas na competição. Com o desempenho, a modalidade passa a ser a que mais medalhas deu ao Brasil em Londres (oito), e o país passa ao sétimo lugar no quadro de medalhas, com 21 no total
Notem a atual situação. Temos uma vergonhosa detecção de talentos aliada à falta de incentivo na permanência da modalidade. Para “ajudar”, temos um número escasso de profissionais que são pouco valorizados, não só na questão financeira pessoal, mas também na de sua equipe e local de trabalho, na reciclagem e no incentivo ao estudo permanente. Com isso percebemos que estamos muito longe de ser um país competitivo no atletismo.